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O brado por renovação ressoou no Senado Federal
Opinião

O brado por renovação ressoou no Senado Federal

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O tal grito por renovação, que os sociólogos e cientistas políticos repetem há anos como um clamor proveniente do povo chegou ao Senado Federal - ao menos quantitativamente. Segundo dados da própria Casa Legislativa, três em cada quatro senadores que buscaram a reeleição foram derrotados. Isso significa que, dentre as 54 vagas que estavam em disputa, 46 serão ocupadas por novos nomes.

 

Os números mostram uma taxa de renovação recorde, que pode ser ainda maior a depender das disputas aos governos estaduais: no total, poderão acontecer 50 trocas de senadores em 2019. Todo esse cenário tornaram a eleição deste ano a mais surpreendente do Senado desde a redemocratização do Brasil.

 

Para não falar de renovação somente através de números, vamos dar nomes aos bois: vários estados registraram a queda de políticos tradicionais, a começar pelo Ceará, que deixou de fora o presidente do Senado Eunício Oliveira (MDB). A derrota dele estava longe de ser vista como provável até a abertura das urnas, que registrou, desde o início da apuração, o emedebista em terceiro lugar.

 

Uma chance, mesmo mínima, de vitória do Eduardo Girão (Pros), eleito com pouco menos de 12 mil votos de diferença, sequer foi registrada na pesquisa Ibope divulgada no dia anterior. O instituto dava a Eunício uma vantagem de 15% de votos válidos. Um resultado inesperado também foi registrado no Maranhão: a família Sarney não elegeu nenhum senador nem governador no  estado após décadas de poder.

 

Em São Paulo e em Minas Gerais, dois figurões que despontavam em primeiro lugar nas pesquisas não conseguiram a vaga: foram Eduardo Suplicy (PT) e Dilma Rousseff (PT), respectivamente. Também ficaram de fora Romero Jucá (MDB-RR), Magno Malta (PR-ES), Cristovam Buarque (PPS-DF), Roberto Requião (MDB-PR) e Lindbergh Farias (PT-RJ), dentre tantos outros políticos tradicionais que buscavam a reeleição.

 

Uma parte desses números é reflexo da "onda Bolsonaro", que ficou mais evidente na Câmara dos Deputados com o crescimento impressionante do PSL, partido do presidenciável. De forma geral, porém, o resultado deixa claro o desejo da população de todo o País de expulsar do Congresso Nacional as velhas práticas políticas. A esperança é de que haja uma mudança real e não somente uma substituição dos discursos já empoeirados dos políticos de sempre.

 

Letícia Alves 

leticiaalves@opovo.com.br

Jornalista do O POVO

 

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