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Editorial. O caos que a festa, com sua beleza, não pode encobrir
Opinião

Editorial. O caos que a festa, com sua beleza, não pode encobrir

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Tipo Notícia

O torcedor cearense tem dado exemplo ao País de comparecimento aos estádios, lotando-os em várias ocasiões. É uma demonstração repetida de amor ao clube, seja Ceará ou Fortaleza, considerando as competições das duas principais séries nacionais em disputa nesta temporada de 2018. Infelizmente, não correspondida à altura pelas autoridades e dirigentes quando se trata de oferecer condições mínimas de conforto e segurança nos equipamentos públicos onde os eventos são disputados.

 

No último sábado, mais de 57 mil torcedores lotaram a Arena Castelão, oferecendo ao Brasil um espetáculo que diz muito do espírito alegre, festivo e ordeiro do cearense. Enfim, uma imagem positiva que oferecemos ao restante do País e até ao mundo de nossa capacidade de organização em torno de um objetivo comum, qual seja apoiar um clube ou instituição no qual acreditamos e pelo qual temos paixão. Por trás de tudo, no entanto, há relatos de uma inaceitável falta de respeito com este cidadão, que paga para ser protagonista na festa e se vê objeto de um tratamento, como consumidor, que não se demonstra à altura na efetiva equivalência do seu custo.

 

O caos no trânsito do entorno do Castelão, na saída e chegada dos torcedores que não dispõem de qualquer orientação ou ajuda, filas homéricas e desnecessárias para adentrar o estádio, nenhum esquema organizado de apoio, espaços superlotados, policiais despreparados ou incapazes de estabelecer qualquer diálogo antes de partir para ação violenta, enfim, um conjunto de aspectos negativos que a beleza esportiva inquestionável da festa, captada por câmeras de TV e registros de celulares pessoais em imagens espalhadas mundo afora, não pode ser utilizada para encobrir ou relevar.

 

É imperativo que os responsáveis pela organização de eventos do gênero, na condição de administradores da praça esportiva, de representantes dos órgãos públicos, presentes e omissos, e de dirigentes de clubes, façam uma ampla reflexão a partir do que aconteceu no sábado passado. Até porque, ressalte-se, são problemas repetidos um evento após o outro, muitos deles, apenas levados à exaustão nos quadros em que a capacidade total do espaço é atingida.

 

O torcedor cearense merece respeito, que lhe é negado quando um conjunto de falhas tão gritantes e previsíveis se registra, como desafio à sua paixão, que, ao contrário, precisaria ser estimulada e protegida. É de se lamentar que um espetáculo de tamanha grandiosidade, apresentado ao País de maneira tão bela, encubra, na trajetória que levou à sua efetivação, um conjunto de falhas que resultam da incapacidade dos organizadores em garantir o que é mínimo para que a festa seja, como todos desejamos, a expressão final de um evento 100 por cento feliz.

 

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