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As redes sociais e as eleições 2018
Opinião

As redes sociais e as eleições 2018

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Tipo Notícia
As eleições nacionais contam com a presença vigorosa das redes sociais desde 2010. Seu peso foi sempre relativizado pela centralidade da propaganda eleitoral no rádio e na TV e, claro, pela ausência de conectividade em várias regiões do País. As redes sociais já fazem parte da disputa para o Legislativo. Nesse contexto, um fenômeno chama atenção na disputa eleitoral deste ano, o candidato que concentrou o maior espaço nos mecanismos tradicionais de comunicação política, não consegue crescer nas pesquisas de intenção de voto. Estou falando de Geraldo Alckmin (PSDB). Dono de um verdadeiro latifúndio comunicativo, não empolgou o eleitorado. Isso quer dizer que o rádio e a TV serão esquecidos pelo campo político?

 

Vivemos uma disputa atípica. Fato que surpreende analistas, imprensa e partidos. É a primeira campanha presidencial sem o financiamento empresarial. O fundo eleitoral não chega nem perto das doações empresariais. São múltiplas demandas e pouquíssimos recursos. Daí a utilização intensa das redes sociais. 

 

Não se trata apenas de se comunicar com pequenos grupos. O Brasil é o segundo País em que as pessoas mais utilizam essas ferramentas. A comunicação segue vários caminhos, inclusive, a disseminação de preconceitos e do ódio. As campanhas que mais fizeram uso das redes sociais foram, notadamente, e pela ordem: Jair Bolsonaro, João Amoêdo, Ciro Gomes Fernando Haddad. Obviamente, a liderança de Bolsonaro não pode ser atribuída somente ao uso das redes sociais. O bolsonarismo é um fenômeno complexo e exigirá muito esforço dos pesquisadores - independente do resultado das urnas.

 

Acredito que o tempo no rádio e na TV continua valioso para as campanhas políticas. Geraldo Alckmin não conseguiu transmitir uma mensagem crível para a sociedade - fato que deverá ser estudado. Movimentos como #EleNão reascendem a discussão sobre o poder de mobilização a partir dos espaços virtuais. Confirmando as previsões, as fake news marcaram presença, mas foram combatidas por diferentes veículos de comunicação. Um dado relevante: o WhatsApp ganhou centralidade e foi o instrumento mais utilizado pelos candidatos. A tendência é que na próxima eleição, todos os meios de comunicação sigam uma configuração ainda mais complementar.

 

Cleyton Monte 

cleytonufc@hotmail.com

Cientista político, pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem) e membro do Conselho de Leitores do O POVO

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