Vivemos uma disputa atípica. Fato que surpreende analistas, imprensa e partidos. É a primeira campanha presidencial sem o financiamento empresarial. O fundo eleitoral não chega nem perto das doações empresariais. São múltiplas demandas e pouquíssimos recursos. Daí a utilização intensa das redes sociais.
Não se trata apenas de se comunicar com pequenos grupos. O Brasil é o segundo País em que as pessoas mais utilizam essas ferramentas. A comunicação segue vários caminhos, inclusive, a disseminação de preconceitos e do ódio. As campanhas que mais fizeram uso das redes sociais foram, notadamente, e pela ordem: Jair Bolsonaro, João Amoêdo, Ciro Gomes Fernando Haddad. Obviamente, a liderança de Bolsonaro não pode ser atribuída somente ao uso das redes sociais. O bolsonarismo é um fenômeno complexo e exigirá muito esforço dos pesquisadores - independente do resultado das urnas.
Acredito que o tempo no rádio e na TV continua valioso para as campanhas políticas. Geraldo Alckmin não conseguiu transmitir uma mensagem crível para a sociedade - fato que deverá ser estudado. Movimentos como #EleNão reascendem a discussão sobre o poder de mobilização a partir dos espaços virtuais. Confirmando as previsões, as fake news marcaram presença, mas foram combatidas por diferentes veículos de comunicação. Um dado relevante: o WhatsApp ganhou centralidade e foi o instrumento mais utilizado pelos candidatos. A tendência é que na próxima eleição, todos os meios de comunicação sigam uma configuração ainda mais complementar.
Cleyton Monte
cleytonufc@hotmail.com
Cientista político, pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem) e membro do Conselho de Leitores do O POVO