Em decorrência da cultura nacional de sempre ter pena dos que são rigorosamente punidos, os bandidos brasileiros são sempre agraciados pela piedade popular no sentido de livrá-los do castigo. Lula, assim, é um desses " pobrezinhos injustiçados" por uma justiça cruel e extremamente severa.
As inúmeras demonstrações públicas, há dois ou três anos, contra Dilma Roussef, nunca levaram a marca da violência, pois foram organizadas pela população ordeira que não suportava mais o nível de degradação moral do governo petista.
O que se procurava, na verdade, era a punição dos destruidores da pátria.
Ao contrário, o atentado ao candidato Jair Bolsonaro foi um ato explícito de violência, contratado por uma organização criminosa, e que fez desaparecer dos noticiários o conceito de intolerância propalado pelas esquerdas. Fala-se, agora, tão somente, de democracia e de respeito aos adversários.
O presidente do STF, Dias Toffoli, recentemente eleito, disse em seu discurso que, "independentemente de ideologia política, estejamos juntos na construção de um Brasil mais tolerante, mais solidário e mais aberto ao diálogo". Essa declaração, proferida por um ex-advogado do PT, ex-consultor da CUT e ex- funcionário de José Dirceu, quer significar apenas que os bandidos, já condenados, serão libertados pelos companheiros que se encontram no poder.
O Brasil corre o risco de ter uma democracia fracassada, diante da ameaça de uma ditadura do Judiciário. Libertar Lula será um ato ditatorial, perpetrado por um grupo de amigos do ex-presidente, que não respeitam a própria Justiça de que fazem parte. Se um dos poderes acha que tudo pode, os outros se sentirão à vontade para fazê-lo.
Tolerância, portanto, não é libertar os gatunos, mas saber ouvir e respeitar os adversários.
Pedro HenriqueChaves Antero
phantero@gmail.com
Professor de Ciências Políticas