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Pautar-se ou ser pautado na eleição
Opinião

Pautar-se ou ser pautado na eleição

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Semana passada sugeri, neste mesmo espaço, filtros de avaliação para os indecisos passarem de 13 a 1 candidato (cenário da eleição). Dois dias depois vimos o primeiro debate da temporada. Busquei aplicar alguns deles na observação dos candidatos. Ajudou-me. Depois, imaginei outros, que compartilho abaixo.

 

Vale a pena pensar em modos de analisar os aspirantes à Presidência, com alguns critérios previamente pensados, sob risco de você ser pautado pelos publicitários dos pretendentes.

 

Enquanto consumidores no mercado eleitoral, seremos menos hipossuficientes se identificarmos âmbitos para especial observação dos candidatos: programa de governo, equipe de trabalho, aptidões do candidato.

 

Para facilitar, uma analogia. A qualidade de um prato resulta de 3 eventos: receita, ingredientes e expertise do cozinheiro. Se falhar a receita (um programa de governo), não adianta muito a habilidade do cozinheiro. Se os ingredientes forem ruins (equipe, meios de aplicação) igualmente o produto final será um fracasso. Se houver boa receita e materiais de qualidade, mas o mestre cuca não tiver a competência necessária, resultarão nulos os dois primeiros.

 

Assim, para não ficar preso aos aspectos folclóricos dos candidatos, por vezes tática eleitoral, busque se ater, seriamente, a algumas ideias de avaliação.

 

Como o cargo em questão é o maior da República, seja exigente no julgamento. Nesse sentido, sugiro desconfiar dos estreantes. Não se entrega o comando do maior Navio a um marinheiro de primeira viagem, sem experiência de governo, salvo efetiva incapacidade de todos os demais. Assim, cuidado com as novidades, ainda que a velharia seja suspeita. Desconfie dos que não têm passado político. 

 

Se eles lhe atraem, seja mais rigoroso no exame. Não se deixe encantar pela novidade, por ser nova. Boas ideias podem ser compradas e plagiadas. Não servem sozinhas. O passado já nos surpreendeu negativamente.

 

Outro ponto: ser político no Legislativo é diferente de sê-lo no Executivo. Nesse sentido, vale ser parcimonioso na observação dos que querem saltar de um lado ao outro. As responsabilidades e habilidades são diferentes. São dinâmicas diversas. Participar da discussão colegiada de um projeto de lei é muito diferente de agir em uma situação emergencial que pede resposta imediata e impacta no orçamento. Bons políticos do Legislativo não necessariamente o serão no Executivo. E se foram medíocres no Parlamento, pior ainda.

 

Também não é suficiente ter sido empresário de sucesso. São  atividades com estratégias de ação e os cenários díspares. A capacidade de articulação do político deve ser maior. Sobretudo quando desejamos que seja honesto. Líderes moralmente fracos se sustentam mediante compra de apoio.

 

Outra sugestão: verifique a fala dos candidatos acerca do Ministério Público e do Judiciário. Tendencialmente, melhor será quem tenha respeitabilidade pelos órgãos de controle e fiscalização. Além disso, invista tempo para saber da ficha limpa, turva ou suja do candidato.

São algumas estratégias para retirar o leitor da condição de ser pautado pelo marketing político e passar ele a dar a pauta da disputa. Caso contrário, continuaremos a ser hipossuficientes como cidadãos. Com os custos que isso implica.

 

PS. Para ler o artigo "Seu cenário para votação" acesse:(https://bit.ly/2PhN9bw).

 

Antonio Jorge Pereira Jr 

antoniojorge2000@gmail.com

 

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