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A miséria da política brasileira
Opinião

A miséria da política brasileira

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Tipo Notícia
A degradação da política brasileira, aprofundada desde 2014 com o início da Lava Jato, trouxe expectativa de novos tempos a partir da terra arrasada. De que, expondo as entranhas da corrupção, o País poderia dar um salto qualitativo, aprender com os erros, numa oportunidade transformadora de fato.

 

O início da campanha, infelizmente, mostra que a coisa mais diferente que surge é o Cabo Daciolo (Patriota), com ideias estapafúrdias e discurso religioso que deveria estar a léguas da política, numa mistura de apresentação circense com pregação histérica.

 

Jair Bolsonaro (PSL) mostrou o despreparo de sempre, imerso em contradições e com o pilar da honestidade fragilizado por denúncias como de manter funcionária fantasma - que acabou se demitindo dias depois.

 

Marina Silva (Rede) sofre da falta da capacidade de se reinventar. Explora a biografia de superação, já bastante conhecida, e não consegue ir além do senso comum quando o assunto é desenvolvimento sustentável.

 

O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) leva nas costas todo o desgaste de anos de gestões tucanas e da própria aliança com o governo Temer.

 

Do mesmo problema sofre Henrique Meirelles (MDB), preso às questões técnicas da economia e com tom professoral que tende a afastar os eleitores. Afirma que salvou o País, mas a crise ainda está bastante presente na vida dos brasileiros.

 

Ciro Gomes (PDT) está perdendo a oportunidade de fazer a diferença, apostando, de início, em proposta populista e de difícil concretização: tirar o nome de 63 milhões de brasileiros do SPC/Serasa. É com dinheiro público? É por meio de intervenção estatal junto a bancos e lojas? Não se sabe.

 

Guilherme Boulos (Psol) parece mais preocupado em desconstruir Bolsonaro do que apresentar propostas. Até agora, apenas um conjunto de frases de efeito.

 

Alvaro Dias (Podemos) parece querer fazer do eventual governo extensão da Lava Jato, tentando explorar a popularidade do juiz Sergio Moro.

 

O PT, por sua vez, insiste na perigosa estratégia de manter Lula candidato, mesmo enquadrado na Ficha Limpa. Enquanto isso, o nome que deve mesmo disputar a Presidência, Fernando Haddad, perde visibilidade, numa campanha de apenas 45 dias.

 

Assim se configura a miséria da nossa política, reflexo da fragilidade moral do País e dá choque de realidade sobre o longo caminho a percorrer. Mais uma vez, teremos de escolher o "menos ruim" para o cargo mais importante da República.

 

Ítalo Coriolano 

coroliolano@opovo.com.br

Jornalista O POVO
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