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Quando a República das Bananas alimenta o inimigo
Opinião

Quando a República das Bananas alimenta o inimigo

Edição Impressa
Tipo Notícia

Mauro Oliveira

mauro@lar.ifce.edu.br

Doutor em Informática e membro do Conselho O POVO de Educação


O transistor impactou o século passado, do radinho transistorizado (mais popular que Biotônico Fontoura) às estações espaciais. Com ele, a internet/web do genial Tim Berners-Lee promoveu qualquer beradeiro com um celular no coldre a Zé Doidinho nas redes sociais (ou não parece bizarro terráqueos andando cabisbaixos no maior papo com suas rapaduras eletrônicas?).


Inteligência Artificial (IA) é a bola da vez. Ela já está em todas: nas propagandas que nos chegam “coincidentemente” na tela, no reconhecimento de voz, nas plataformas ditas cognitivas (Watson da IBM, por ex.), nos diagnósticos de “whisk and bowl” (escambáu, em cearensês) a partir de Big Datas. Estamos na era dos Jetsons (ou será dos Flintstones?).


Elon Musk, o cara que venceu a NASA, considera a “IA mais perigosa do que a Coreia do Norte”. Embora haja uma certa lombra na ilação de Mr. Musk, ela serve de alerta para o perigo do açambarcamento da IA por oligopólios digitais: Google, Facebook, Amazon, etc. Os recentes escândalos das Fake News, dos robôs russos nas eleições americanas e na votação do Brexit no Reino Unido provam nossa vulnerabilidade. Ou você acha que o nosso próximo presidente não terá o voto da mão invisível do mercado ... russo?


As gigantes da internet contam ainda com a colaboração inocente-útil de países como o Brasil. Dou um exemplo: lembro bem, nos anos 80, a Microsoft levando para os EUA a reca de mestrandos em IA da UFC. Enquanto a mídia comemorava, eu me sentia um Mozart abraçado por Salieri: imaginava nossos queridos “nerds” fortalecendo as heroicas empresas locais de TIC. Que nada: mais “bananas” para quem nos vende tecnologia a preço de ouro!


A fuga de cérebros não parou! Os grandões digitais não perdoam: compram! Nosso país, craque em “doar” cérebros, precisa de políticas de inovação capazes de manter nossos talentos na terra e bons exemplos não faltam: o Porto Digital no Recife que concilia política pública e mística institucional, o extraordinário programa Embrapii nos Institutos Federais, o estímulo à interiorização da pesquisa da Funcap, etc.


Necessitamos mais, muito mais, para nos tornarmos uma República do Conhecimento e pararmos essa mania de alimentar o colonizador!

 

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