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Editorial. Colômbia: Ecos das urnas
Opinião

Editorial. Colômbia: Ecos das urnas

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Tipo Notícia

Os países da América do Sul, em meio às atenções dadas à Copa Mundial de Futebol, ainda não avaliaram com mais rigor as eleições presidenciais colombianas, cujo segundo turno, no último domingo, consagrou a vitória do candidato conservador Iván Duque, do Centro Democrático, aliado do ex-presidente Álvaro Uribe. Ele venceu o candidato de esquerda, Gustavo Petro, ex-guerrilheiro do Movimento 19 de Abril (M-19). 


O certo é a Colômbia inaugurar uma fase crucial para a efetivação de seu processo interno de paz, um ano e meio após a assinatura do acordo com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), levadas à frente pelo atual presidente Juan Manuel Santos, que também negociou a entrada do país na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar com a preponderância dos Estados Unidos. Com essa decisão, a Colômbia tornou-se o primeiro país latino-americano a integrar esse grupo militar.
 

A vitória de Duque, por 54% dos votos, não esconde o fato de que o país ficou dividido entre as duas propostas apresentadas. Eleição que, no segundo turno, teve taxa de abstenção de 47,81% dos eleitores, além de 262.073 votos nulos e 795.510 votos em branco. 

 

Apesar de ter insistido na discordância em relação ao tratado de paz com a guerrilha, Duque moderou seu discurso no segundo turno. A suposição é que mudará apenas alguns pontos da chamada “justiça de transição” (com garantias aos membros das Farc no campo judicial e no político), pois uma alteração abrupta no acordo poderia causar-lhe problemas com quase a metade do país, que votou em Petro.
A Colômbia tem um importante papel na região, devido ao entrechoque de interesses envolvidos na guerra comercial e no desenho da nova conformação geopolítica, no qual, sobretudo a China, mas também Rússia, ganham musculatura na arena do poder mundial. A ascensão da China na América do Sul gerou maior investida dos Estados Unidos para manter a influência estratégica na região.
 

O governo colombiano fez questão de declarar que a adesão do país à Otan não representa ameaça aos vizinhos, pois o objetivo seria interno, de controlar a situação, após a assinatura do acordo de paz com as Farc.

De fato, não se pode acusar a Colômbia de ameaçar a paz na região, pois nunca deu motivos para isso, apesar de a Otan ser acusada, historicamente, de práticas expansionistas e intervencionistas. No entanto, seria interessante observar como será o relacionamento da Colômbia com países vizinhos daqui para frente.

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