Logo O POVO+
Do diesel ao dólar, um amargo pesadelo
Opinião

Do diesel ao dólar, um amargo pesadelo

Edição Impressa
Tipo Notícia

“Para chegar ao castelo é preciso atravessar o fosso”. Essa é a síntese do filme Comer, Amar e Rezar. A lição vale para os “reis” do BC e da Petrobras.


Erraram grotescamente. Um, por ignorar o efeito-espiral do preço do petróleo no modal rodoviário. Outro, em reagir tardiamente à maxidesvalorização cambial. As expectativas desorganizadas encresparam o horizonte. Prometeram a recuperação em dois anos. 

 

Entregaram uma depressão econômica mal curada. Encenam outro filme: Amargo Pesadelo.
 

A explicação acaciana de que a situação do Brasil tem a ver com “a complexa situação internacional” mostrou que os atores são de quinta e o filme de terror. Ao serem obrigados a saírem de seus castelos ambos atolaram no fosso.
 

Num intenso debate no auditório do BC em Fortaleza, em 2002, um antigo colunista econômico de O POVO, Amadei, responsabilizou o atual Presidente do BC (na época, diretor de Política Econômica) pelas disparadas do dólar e da dívida pública. O articulista afirmava que jamais vira no BC gente tão incompetente manipulando as políticas monetária e cambial. Declarou: “doutoraram-se em bancarrota”, “especializaram-se em endividamento” e “quebraram o País duas vezes em quatro anos”.
 

Os diretores do BC deixam o banco para ocuparem as cadeiras de economistas-chefes ou diretorias dos grandes bancos e retornam quando precisam garantir a “autonomia” do sistema. O colunista aposentou-se. Não escreve desde 2008. Diz que o País se tornou ‘impossível’, o BC e a Petrobras ‘inacreditáveis’, capturados.
 

O BC dispunha de 380 bilhões de dólares de reservas, acumuladas de 2005 a 2014. Mesmo com o cacife da banca na mão, o real voltou a ficar de quatro para o dólar. Os “reis” paralisaram o País. 

Propagaram apagões cambiais e desabastecimento.
 

Numa conversa emblemática, o velho articulista me prevenira que Levy quebraria o Rio e sepultaria Dilma na depressão econômica. Seu vaticínio é realidade. Na nossa última conversa, tive receio de consultá-lo sobre o futuro do País.

 

Marcelo Lettieri
marlettieri@gmail.com
Professor doutor em Economia e servidor público federal

O que você achou desse conteúdo?