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Editorial. O Estado precisa organizar sua resposta à gripe
Opinião

Editorial. O Estado precisa organizar sua resposta à gripe

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A gripe H1N1 avança sobre a população cearense, deixando um lamentável rastro de doenças e mortes, e as autoridades demonstram-se despreparadas para lidar com a situação. Os relatos sobre o que acontece nos postos de vacinação em Fortaleza demonstram a reafirmação de um quadro de deficiência nas estruturas da área de saúde que, sem dúvida, concorre de maneira decisiva para o clima próximo ao pânico que tem sido observado. O caso, porém, requer uma imediata ação pública em função de sua emergência evidente.


Muito mais do que a inexistência de vacinas na quantidade que o momento parece exigir, o que até se pode admitir como natural diante dos sinais de que a crise apresenta caráter de anormalidade, o que realmente deixa indignado o cidadão ou a cidadã que busca os postos de atendimento é a falta de organização. Sequer uma informação confiável há disponível, muitas vezes, o que só aumenta a aflição das pessoas com o quadro, muito decorrente de uma carência de confiança da sociedade em relação à capacidade geral dos governos de apresentarem soluções.


Filas se formam, pessoas, idosas e crianças entre elas, chegam cedo às unidades de saúde e enfrentam um cenário de desinformação revoltante. Muitas vezes, até, dali saindo frustradas por falta de atendimento. Enfim, acaba-se entregue a um quadro de absoluta insegurança sobre a assistência prestada e à capacidade real que existe de atender à demanda, que é crescente também como resultado de um vazio de informes oficiais realmente confiáveis, como já ressaltado. Os relatos, nesse aspecto, indicam uma falha gritante do poder público em sua tarefa institucional de tranquilizar a população.


Até porque, os números disponíveis bastam como fator de apreensão coletiva. O último boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) sobre a situação parcial no ano de 2018 registra um aumento de 320% nos óbitos decorrentes de contaminação pelo vírus Influenza, causador da gripe H1N1, quando comparados a 2017. Foram 21 mortes, até agora, quando em todo o ano passado registraram-se cinco. Portanto, trata-se de um contexto que realmente exige uma atenção no nível alarmante em que o problema se manifesta.


É momento de o Estado, compreendendo-se as estruturas federal, estadual e municipal (de Fortaleza), articularem um plano conjunto que, como passo inicial e urgente, resolva o sério problema dos desencontros de informação. As pessoas precisam saber melhor o que fazer diante da situação dramática e, especialmente, onde encontrarão o atendimento de que necessitam para ações preventivas ou terapêuticas diante de mais uma ameaça à saúde de uma coletividade já tão cheio delas. É inaceitável que as filas quilométricas, e muitas delas inúteis, continuem a massacrar o cidadão.

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