Logo O POVO+
Editorial. Combustíveis elevados
Opinião

Editorial. Combustíveis elevados

Edição Impressa
Tipo Notícia

O consumidor cearense vem sentindo no bolso, o preço impactante da gasolina, quando vai encher o tanque do carro. Mas, o impacto estende-se a outros derivados, desde o botijão de gás, ao diesel e querosene, afetando o transporte de mercadorias e de passageiros (terrestre e aéreo), a indústria e o comércio, reduzindo a competitividade dos produtos produzidos no Estado. 

 

O mal-estar é no País inteiro, mas, atinge, principalmente, estados que despendem mais em logística para atingir os distantes mercados para seus produtos.

O pano de fundo de toda essa pressão é o cenário internacional, tensionado pela política monetária dos Estados Unidos, induzindo a variação do dólar, cuja expressão mais sentida é a alta nos preços do petróleo. O barril de óleo cru bateu no teto e superou os US$ 80. Tudo isso somado às sanções impostas pelos EUA ao Irã (um dos maiores produtores do mundo) reduz a oferta e faz o produto acumular uma alta de quase 20%, desde o início do ano.
 

Evidentemente, cabe aos governos nacionais traçar as políticas internas para enfrentar esse desafio com o menor dano possível. Nessa perspectiva, quem dispõe de reservas de petróleo estaria mais a cavaleiro para traçar suas próprias estratégias de resguardo. O Brasil, por exemplo, é produtor de petróleo e ganhou mais músculo com a descoberta do pré-sal. Imaginava-se que esse fator daria reforço a uma política de criação de refinarias para agregar valor a essa commodity, tanto para nos livrar do papel de mero exportador de óleo cru, mas de reduzir a dependência da importação de derivados. Foi o contrário.
 

Nosso objetivo, aqui, no entanto, não é aprofundar esse ponto, mas constatar que a atual política de combustíveis da Petrobras tem de encontrar uma resposta para esse desvario dos preços dos combustíveis, pois estão comprometendo a economia do País inteiro e, mais agudamente, a dos estados mais distantes dos seus mercados e dependentes de logística mais onerosa para levar até eles seus produtos e mercadorias.
 

No âmbito individual, cada consumidor, ao encher o tanque de gasolina, compromete boa parte do orçamento familiar. Já o encarecimento do óleo diesel incide sobre as tarifas dos ônibus urbanos e interestaduais e no encarecimento dos fretes. Ao subir o querosene dos aviões, as passagens, igualmente, sobem. Mas, a face mais socialmente dolorosa é a elevação desembestada do gás de cozinha, levando ao retrocesso do uso de lenha e carvão para cozinhar. Ou seja: nessa área dos combustíveis, deixar o mercado entregue a si mesmo não resolve a equação. O poder público tem de achar a saída.

O que você achou desse conteúdo?