Há muito tempo desejava escrever sobre o desrespeitoso hábito dos ciclistas frequentadores da Beira Mar de não pararem para os pedestres.
Sou frequentador assíduo dessa avenida: caminho frequentemente, às vezes corro, e lá pratico exercícios funcionais.
Lá observei que os motoristas evoluíram e a grande maioria para os seus carros para os pedestres, mesmo quando estão fora da faixa apropriada. Os motoqueiros estão evoluindo, e um bom número deles já para quando pedestres cautelosos atravessam a avenida nas faixas apropriadas.
Entretanto, e infelizmente, os ciclistas que pedalam na Beira Mar não param para os pedestres – são raríssimas as exceções!
Domingo último, no início da noite, assisti estarrecido ciclistas que pedalavam na Beira Mar – cerca de duas dezenas, em ambos os sentidos – quase atropelarem crianças, mães e babás felizes que desciam e subiam nos trenzinhos, os tradicionais Trem da Fantasia e Trem da Alegria. Tentei com sinalização de mãos, fazê-los parar: foi em vão! Nenhum parou. No máximo diminuíam a velocidade e se esgueiravam entre crianças, mães e babás. Uns até portavam apitos e os utilizavam para avisar que desimpedissem seu caminho, uma vez que não pararam, mesmo se tratando de crianças. A faixa de idade dos ciclistas era larga e, pelas aparências, ia dos vinte aos sessenta anos.
Nessa quarta-feira, início da noite, quase vi uma fatalidade: uma senhora na faixa de pedestre teve que se desviar de três ciclistas que pedalavam na Beira Mar de forma agressiva e irresponsável. Não fosse sua surpreendente destreza, tenho certeza, o pior teria ocorrido com ela, pois os ciclistas, irresponsavelmente, estavam muito rápido.
Pedalar uma bicicleta é ótimo para a saúde, ajuda a melhorar o trânsito e é essencial para o meio ambiente. As bicicletas são frágeis e os ciclistas mais ainda e devem se proteger com capacete, óculos, cotoveleiras e joelheiras, sapatos e roupas apropriadas. Os ciclistas têm preferência frente a motos, carros, ônibus e caminhões e, com razão, gritam e exigem que essa preferência seja respeitada.
Entretanto, os ciclistas devem ter a consciência de que os pedestres, na cadeia “alimentar” do trânsito, são os mais frágeis e, sob quaisquer circunstâncias, devem ser os preferenciais. Ciclista, conscientize-se e respeite essas fragilidade e preferência!
E lembrem-se ciclistas, em algum momento, vocês também serão pedestres.
José Carlos Parente
parente@fisica.ufc.br
Professor de Física - IFCE e UFC