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Editorial: o fator Lula e o Datafolha
Opinião

Editorial: o fator Lula e o Datafolha

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A seis meses das eleições, nova rodada de pesquisa Datafolha mostra que, mesmo preso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva continua influente no cenário eleitoral para 2018. Não como antes, é verdade.


Sondagem feita após Lula se entregar à Polícia Federal, no dia 7, revela que o petista lidera a disputa com 31% das intenções de votos, mas num patamar menor do que o registrado em janeiro último (37%). Ele aparece à frente de Jair Bolsonaro (PSL-RJ), com 15%, e de Marina Silva (Rede), com 10%. Sem o ex-presidente na disputa, Bolsonaro vai a 17% e Marina a 16%, o que, pela margem de erro da pesquisa (2%), caracteriza empate técnico. O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) surge em terceiro lugar, empatado com Joaquim Barbosa (PSB) e Geraldo Alckmin (PSDB).


O Datafolha também aponta abalo considerável na candidatura de Lula. Segundo o instituto, a maioria dos entrevistados (54%) vê como justa a prisão do petista, contra 40% que se declararam contrários. O levantamento mostra ainda que, para 62% dos consultados, Lula não participará das eleições. Quase metade das pessoas (48%), porém, afirma que Lula não deveria ser impedido de concorrer — 50% defendem o oposto.


Esses resultados sugerem alguns caminhos possíveis para as eleições: sem Lula como centro gravitacional, votos brancos e nulos batem recorde num pleito disputado por uma miríade de candidatos ainda sem musculatura eleitoral e cuja viabilidade ainda está por ser testada. Com uma campanha mais curta (35 dias) e menos dinheiro (as doações de empresas foram vetadas pelo Supremo), largar com boa base é quase garantia de chegada ao 2º turno, visto que haverá pouco tempo para viradas. Há, no entanto, poucos postulantes que reúnam essas condições.


É esse o drama, por exemplo, de Alckmin — o tucano chega a 8% no melhor cenário. A vida do ex-governador de São Paulo se complica mais com a entrada no jogo de Joaquim Barbosa. Mesmo sem campanha anunciada e com raras aparições públicas, o ex-ministro do STF mostra potencial de crescimento em setores que tradicionalmente votam com os tucanos — os mais ricos e mais escolarizados.


O Datafolha revela ainda que, sem Lula, as candidaturas se dividem em dois grupos principais — o primeiro com estrutura partidária, mas sem números razoáveis (Alckmin e Fernando Haddad, por exemplo).

E o segundo sem estrutura de uma sigla robusta, mas com expressividade no eleitorado (caso de Jair Bolsonaro e Marina). A ausência do ex-presidente coloca a disputa eleitoral num cenário de ainda mais indefinição.

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