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Editorial. A CNBB e o diálogo
Opinião

Editorial. A CNBB e o diálogo

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Tipo Notícia


A organização católica mais influente do país, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), conclui hoje a sua 56ª assembleia geral, em Aparecida (SP). No entanto, ontem a entidade já divulgou importante documento, com o título “Eleições 2018: Compromisso e Esperança”, no qual orienta o eleitor católico a não dar seu voto a candidatos ficha-suja, ou aos que usam o mandato para desfrutar do foro privilegiado. Para a CNBB, não devem ser eleitos ou reeleitos os candidatos em busca desse ou de outros benefícios pessoais.


É de se lembrar que foi a Comissão Brasileira de Justiça e Paz, da CNBB, que lançou o documento “Combatendo a corrupção eleitoral”, que incluía o projeto para proibir candidatos condenados na Justiça de participarem das eleições. Seguiu-se uma campanha que culminou com um abaixo-assinado contendo 1,6 milhão de assinaturas em favor do projeto da Ficha Lima.
 

A proposta obteve apoio dos principais partidos do Congresso, como o PT, PSDB e MDB, e teve votação unânime na Câmara dos Deputados. Em 2010, a lei estava aprovada e foi sancionada pelo então presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva.
 

Raras vozes se manifestaram contra a proposta. Um dos argumentos dos oponentes argumentava que era errado apenar um político antes do trânsito em julgado do processo a que estivesse submetido. A mesma polêmica que se desenrola atualmente, em outras circunstâncias.
 

Hoje, muitos parlamentares e partidos parecem arrependidos pelo apoio ao projeto, pois tentam emplacar candidaturas, mesmo com pendências na Justiça. A senadora Gleisi Hoffmann (PT), o presidente Michel Temer (MDB) e o senador Aécio Neves (PSDB), por exemplo, são investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), devido à prerrogativa de foro. Sem contar Lula (PT), já condenado em segunda instância - portanto, ficha suja para efeitos legais -, mas que ins iste na candidatura à Presidência.


Mas a CNBB avança ainda mais, afirmando que também não merecem ser eleitos os políticos que “se rendem a uma economia que coloca o lucro acima de tudo e não assumem o bem comum como sua meta, nem os que propõem e defendem reformas que atentam contra a vida dos pobres e sua dignidade”.

A CNBB propõe, assim, um debate ético e não sobre nome de candidatos. No momento em que o país vive sob intensa polarização, o documento é uma página de bom senso - independentemente de se concordar ou não com seu conteúdo - pois se trata de um chamado ao diálogo.

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