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Um abraço, Eduardo Carneiro
Opinião

Um abraço, Eduardo Carneiro

Edição Impressa
Tipo Notícia


Janeiro de 2017, na entrada da Caixa Cultural. Eu havia pego um par de cortesias para o espetáculo das 17 horas e estava ali por perto, sem fazer nada de proveitoso. O show de logo mais seria de Edson Cordeiro, voz e piano. Ainda perto do balcão de ingressos, vi a tristeza das pessoas ao saber que todas as entradas, para todas as sessões, estavam esgotadas.


Entre os que chegaram tarde, um rapaz de fala educada, aparentando cerca de 40 anos, ia saindo decepcionado por não ver a performance do cantor. Falei que tinha um ingresso sobrando e fui esticando para entregá-lo. 

 

Agradecido, ele perguntou quanto custaria, já fazendo questão de pagar. Não  me fiz de rogado e falei que poderia ser o valor de venda. A moça do caixa viu e gritou que eu não poderia vender uma cortesia. Claramente constrangido, falei que não teria problema.
 

Depois de pegar de volta minha cara, que havia caído no chão, comecei puxar papo com aquele desconhecido de semblante tranquilo. Era ator, cantor, cearense, radicado no Rio de Janeiro, planejava uma apresentação no Cineteatro São Luiz e tínhamos uma amiga em comum. Essas amenidades foram evoluindo para política cultural, cena musical brasileira, belezas do Rio de Janeiro e sei lá mais o que.
 

Essa conversa seguiu até a hora do show. Entre árias operísticas, clássicos populares e o melhor da discoteca, Edson Cordeiro fez um concerto eclético, inteligente e arrebatador. Finda a apresentação, a conversa com meu novo melhor amigo seguiu até o portão de entrada. Trocamos telefones para o caso de uma eventual visita ao Rio de Janeiro, ou eventual retorno a Fortaleza. E cada seguiu seu rumo.
 

O nome desse cara é Eduardo Carneiro e faleceu na última quinta-feira, 8, de causa não informada. A notícia veio a mim um dia depois, num post no Facebook e a confirmação por aquela amiga em comum. “Ator Eduardo Carneiro, de O Outro Lado do Paraíso, morre aos 52 anos no Rio”, informou um portal de notícias. “Era um guerreiro. Sempre com uma conversa boa, sempre gentil”, disse o ator Juliano Cazarré no Facebook. Verdade, Dudu é um cara de conversa fácil e gentil, o que comprovei na amizade de poucas horas. Deixo aqui o meu abraço para esse amigo fugaz e o desejo de que ele esteja bem.

 

Marcos Sampaio
marcos.sampaio.nl@gmail.com
Jornalista do O POVO

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