Neste mês de fevereiro, o site Our World in Data divulgou dados que indicam a extraordinária evolução da humanidade nas últimas décadas.
Houve um expressivo aumento da expectativa de vida das pessoas, uma redução do analfabetismo, aumento de famílias com acesso aos serviços de saneamento ambiental, redução da pobreza extrema e acesso à informação e à comunicação. Observa-se ainda, um aumento no número de países que conquistaram a democracia.
Enquanto estes dados eram divulgados pela imprensa brasileira, ocorria em Brasília o evento “Vozes da Escravidão Contemporânea, Correntes Invisíveis, Marcas Evidentes”, por ocasião de celebração relacionada ao Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo.
Durante o evento, a procuradora-geral da República Raquel Dodge destacou a importância de se intensificar o combate ao trabalho escravo no Brasil. Com a voz embargada, sem conter as lágrimas, ela reforçou ainda que a exploração de trabalhadores em situações similares à escravidão deveria ser extirpada. A sua manifestação contrasta com os avanços apresentados pelos dados do site Our World in Data.
Em 2016, a ONG Walk Free Foundation divulgou que quase 46 milhões de pessoas viviam em regime de escravidão moderna no mundo. Em números absolutos, dentre os 167 países pesquisados, o Brasil aparecia em 41º lugar com uma estimativa de cerca de 161 mil pessoas em condições semelhantes à escravidão.
O relatório leva em conta todas as situações de exploração que uma pessoa não é capaz de se livrar, em razão de ameaça, violência, coação ou abuso
de poder.
De acordo com o Ministério do Trabalho, de 2000 a 2013, foram libertados pelos grupos móveis de fiscalização cerca de 45 mil pessoas vítimas do trabalho escravo no Brasil. Eram escravos do século 21. Neste mesmo século, em que se comemoram avanços tecnológicos e sociais, vertem-se lágrimas pela constatação da exploração insana de crianças, de homens e de mulheres pela insensatez e pela ganância de feitores adeptos
do obscurantismo.
Jesualdo Farias
jesualdo.farias@gmail.com
Secretário Estadual das Cidades