Logo O POVO+
Mulheres e os desafios contemporâneos
Opinião

Mulheres e os desafios contemporâneos

Edição Impressa
Tipo Notícia

As mulheres têm sofrido o peso das representações contidas no interior dos discursos que historicamente a subestimaram, atribuindo a elas a inferioridade. Na trama social os sujeitos se apropriam de símbolos essenciais na constituição da sociabilidade para resistir e melhor viver numa sociedade desigual.

Os símbolos estão presentes nos arquétipos como repetição de experiência que norteiam as mentalidades e ações humanas, presentes nas lendas e mitos. Tratarei do itan iorubá do feminino de Iansã para a cultura e religião de matriz africana no Brasil realidade diversa racial e culturalmente. Quais características definem esse orixá? Iansã ou Oiá é guerreira, cujo feminino se configura a partir de contradições, essas verdadeiramente humanas, entre aquela que tem uma sensibilidade e tem uma força, entre a que representa o búfalo com a força e ao mesmo tempo a sensibilidade da borboleta. É versátil e com a capacidade de se metamorfosear assumindo diferentes formas e papéis, numa multiplicidade de funções para sobreviver.  

Iansã é mãe de um jeito diferente, não permanece junto aos filhos, mas está atenta as suas solicitações, ajudando-os e protegendo-os quando necessário, basta friccionar os chifres do búfalo que ela vem, pois a mesma realiza outros empreendimentos além da maternidade. Assim, contraria os modelos institucionalizados da “boa e santa mãezinha” ou da “mãe disciplinada” pela medicina social no século XIX.  

As mulheres brasileiras, negras, pobres, indígenas, trabalhadoras na vida moderna enfrentam muitos desafios e ajuda-nos a força e a sensibilidade como faz a Deusa do contraste ao se deparar com as adversidades, a violência, as desigualdades inscritas nas estatísticas como ilustra a pesquisa “Visível e invisível: a vitimização de mulheres no Brasil” (2017), apontou que 1 a cada 3 brasileiras com 16 anos ou mais foi espancada, xingada, ameaçada, agarrada, perseguida, esfaqueada, empurrada ou chutada no último ano.  

Encontramos a força desse feminino em diversos espaços socioculturais e exprimem modos plurais de viver, fortalecendo em nós a disposição para resistir e recriar as práticas cotidianas, acreditando que outro mundo com bem viver é possível construir.

 

Zelma Madeira zelmadeira@yahoo.com.br Professora da Uece e coordenadora da Ceppir/Gabgov  

O que você achou desse conteúdo?