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Rui Martinho Rodrigues: A Batalha de Porto Alegre
Opinião

Rui Martinho Rodrigues: A Batalha de Porto Alegre

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Aparecido Fernando de Brinkerhoff Torelly (1895 – 1971), o Barão de Itararé”, ridicularizava o resultado do confronto entre rebeldes e legalistas que se posicionaram em Itararé, na divisa entre São Paulo e Paraná. Contingentes numerosos lutariam ali, em 1930. Seria a maior batalha da América do Sul, segundo se anunciava. Um acordo entre os comandantes garantindo o emprego e as patentes selou a vitória dos rebeldes. A batalha incruenta ganhou o barão autonomeado, na pessoa do jornalista crítico.


Porto Alegre, a semelhança de Itararé, segundo se anuncia, será palco de importante batalha no dia vinte e quatro próximo vindouro. Militantes importados do Paraguai, Uruguai e Argentina virão reforçar os ativistas nacionais, seguindo o exemplo da importação de índios do Paraguai, para fortalecer a causa dos seus pares do Paraná; e trazidos do Pará, para ajudar em luta da mesma espécie no Ceará. O outro lado também se mobiliza desfraldando o verde e amarelo. O confronto se anuncia para depois do fato consumado. Os votos dos desembargadores já estão prontos, a ação judicial não irá terminar na data marcada, seja qual for a decisão da câmara criminal que julgará o ex-presidente Lula no TRF-4.


A mobilização de “efetivos” estrangeiros (como terá sido o financiamento disso?) denota fraqueza do contingente nacional. Trata-se de um jogo de aparências, mais evidente do que o de Itararé. O ânimo combativo das partes não há de ir além do que se viu em 2013.

A grande batalha dificilmente terá mais do que algumas latas de lixo incendiadas, alguns carros e vitrines danificados, além de alguns disparos de balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo, se tanto.


A senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT, disse, com outras palavras, que para prender o ex-presidente será preciso passar por cima de cadáveres. O coronel Chico Heráclito, respondendo a um fiscal eleitoral dizia: o senhor só fará fraude eleitoral passando por cima do meu cadáver, teria respondido “tu lá tem cadáver!”. Aplicam-se as mesmas palavras ao discurso da senadora: ela ainda não tem cadáver.

Está torcendo que apareça um ou mais. Não parece, todavia, que tal coisa seja provável. 

 

Rui Martinho Rodrigues
rui.martinho@terra.com.br
Historiador

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