A Doença de Alzheimer (nome adotado em honra do médico Alois Alzheimer – seu descobridor) tem como maioria das vítimas pessoas idosas e se apresenta como demência (perda de funções cognitivas - memória, orientação, atenção e linguagem), causada pela morte de células cerebrais. É uma doença incurável que se agrava ao longo do tempo, mas é possível inibir seu avanço se diagnosticada prematuramente.
Recentemente, sugeri a alguns de meus parentes experimentar o uso da música em um membro da família portador de Alzheimer. Eles acataram a sugestão. O relato que me fizeram da reação do paciente após usar os fones de ouvido com as suas músicas preferidas foi a mesma descrita acima, isto é, excitação e emoção explícitas, choro e tentativa de falar ou cantar as canções em execução.
Realmente, a ciência vem mostrando que as memórias musicais são armazenadas na região média do cérebro, conhecida como giro cingulado anterior, e no lobo frontal, na área motora pré-suplementar. Os outros tipos de memória são armazenados em regiões diferentes e bem específicas daquelas da música.
Não se sabe bem por quê, mas a doença não ataca as regiões da memória musical que ficam bem preservadas quando comparadas com a devastação das regiões de memória como um todo. Assim, a música pode vir a se tornar uma das poucas armas que os terapeutas têm para, talvez, inibir a progressão da Doença de Alzheimer. Se esse fenômeno se caracterizar como uma das formas de tratamento ou pelo menos uma forma de integrar o paciente ao meio familiar, já será um grande avanço, pois trata-se de método barato e fácil de ser aplicado. Sugiro às pessoas que possuem parentes ou amigos com Alzheimer a experimentarem essa técnica e boa sorte.
Marcus Vale
valemarcus@yahoo.comDiretor da Seara da Ciência e professor da UFC