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Editorial: Radicalismo ameaça 2018
Opinião

Editorial: Radicalismo ameaça 2018

O custo humano, ambiental e moral de um desastre desse tipo jamais seria reparado
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Tipo Notícia

O ano começa, infelizmente, sob o prisma do radicalismo político. Exemplo disso foi a demonstração de estupidez e irresponsabilidade por parte de dois dirigentes extremados - Donald Trump (EUA) e Kim Jong-un (Coreia do Norte) que trocaram insultos para arrotar truculência e arrogância sobre quem teria maior capacidade de exterminar o outro. Tudo isso sem levar em conta o que sofreria o restante da humanidade com uma guerra nuclear.


No caso da Coreia do Norte, seu regime é considerado abominável pela opinião pública mundial. Mas, a política de isolá-la nunca deu certo. A pressão diplomática é um recurso legítimo e moralmente imperativo, mas deve ser feita dentro de parâmetros que permitam evitar que os oponentes sintam que ceder, em alguma proporção, não signifique perder a honra e a dignidade nacionais.


O que muda quando se tem armas nucleares é o fato de que uma quantidade excedente de artefatos não deixa quem a possui isento dos efeitos radioativos provocados no oponente menos potente. Um único artefato explodido já é suficiente para fazer estragos multiplicativos e desastrosos em termos radioativos. Os efeitos causados pela destruição de uma ogiva por outra não anulariam, supostamente, as irradiações, mas as ampliariam. Mesmo quem não detém armas nucleares termina sendo atingido, presumivelmente, pela poeira radioativa transportada pelas correntes de vento que circundam o planeta. Por isso ninguém deve supor que a questão não lhe diga respeito.


Simulações feitas com a tecnologia disponível apontariam que, mesmo num ataque de surpresa contra seus arsenais Pyongyang teria tempo para algum tipo de retaliação, pois sobrariam ogivas em esconderijos-surpresa. Evidentemente Seul e Tóquio seriam os primeiros alvos a serem varridos, antes da Coreia do Norte ser devastada como um todo. O custo humano, ambiental e moral de um desastre desse tipo jamais seria reparado.


Vale a pena tal sacrifício em nome da ambição de alguns que pouco se lixam para o que se passa além de seu círculo mais íntimo de interesses? É uma pergunta que deveria estar sendo martelada incessantemente por quem tem a mínima percepção do horror que viria pela frente, caso a loucura prevalecesse.


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