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Artigos. 2017, o ano da Juventude Indígena no Ceará
Opinião

Artigos. 2017, o ano da Juventude Indígena no Ceará

Edição Impressa
Tipo Notícia


Falar da juventude indígena causa estranhamento em algumas pessoas: o que andam fazendo e querendo? O desconhecimento da cultura dos povos tradicionais faz com que pessoas nem considerem a afirmação étnica dos índios que usam celular, calça jeans ou fazem faculdade. 


O Ceará possui uma população de 10.390 jovens com idade entre 15 e 29 anos, presente nos 18 municípios atendidos pelo Distrito Sanitário Especial Indígena do Ceará (dados SIASI, 2016). A maioria encontra-se em terras em que os processos de demarcação não foram concluídos ou sequer foram iniciados. A verdade é que das 25 terras reivindicadas como áreas indígenas, apenas uma foi homologada.
 

Nós da Adelco, instituição cearense indigenista, acompanhamos os processos de organização desta juventude desde 2014, quando formou-se a Comissão de Juventude Indígena do Ceará (Cojice), que representa as 14 etnias do Estado. No final de 2016, a Cojice começou a consolidar-se, quando, a partir de um financiamento do Fundo Brasil de Direitos Humanos, retomaram o processo de organização e realizaram diversos encontros.
 

Em 2017 participaram de atividades para discutir pautas tradicionais, como: demarcação da terra, marco temporal, espiritualidade e outras inéditas como: sexualidade, gênero, comunicação.
 

Realizaram uma audiência pública sobre as violências sofridas pela juventude, lançaram um documentário na Assembleia Legislativa e marcaram boa presença na Assembleia Estadual dos Povos Indígenas do Ceará. Depois disso, novos encontros promovidos pelo Projeto Urucum, desenvolvido pela Adelco, Esplar, União Europeia e Governo do Estado, propiciaram aos jovens eleger uma nova coordenação para a Cojice e abrir novos canais de articulação e comunicação. No campo cultural, foi a primeira vez que jovens indígenas expuseram suas fotografias como protagonistas.
 

Os desafios são levantar outras bandeiras que fortaleçam a luta pela terra, além de garantir a formulação de políticas públicas específicas. A Cojice também precisará manter sua dinâmica, uma vez que as dimensões territoriais e a ausência de financiamento são grandes obstáculos.

 

Adelle Azevedo
adelco@adelco.org.br
Coordenadora de projeto da Adelco

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