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Renato Sérgio de Lima: "É preciso perseverar!"
Opinião

Renato Sérgio de Lima: "É preciso perseverar!"

Temos que valorizar os territórios e reconhecer a voz dos coletivos e redes de juventude e de lideranças comunitárias que neles atuam
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A transformação do Brasil em uma sociedade mais justa e menos violenta passa pela mobilização de vários segmentos em torno de um projeto político que priorize a redução da violência como instrumento básico de cidadania; passa pelo engajamento de várias esferas de Poder e de governo.

 

Não podemos criar falsas dicotomias ou polarizações, dinamitando pontes de diálogo e canais de construção de coalizações. A violência é um problema de Estado e não de um ou de outro governo isoladamente.


E, nesse movimento, alguns atores sociais e institucionais ganham relevância.


Temos que valorizar os territórios e reconhecer a voz dos coletivos e redes de juventude e de lideranças comunitárias que neles atuam. Elas são um espaço fundamental para a criação de uma nova e mais digna narrativa em torno da segurança pública.


E, ao reconhecer a importância dos jovens, temos também que assumir que não há projeto de redução da violência e de conquista da cidadania que não passe pelos policiais brasileiros, muitas vezes negligenciados por discursos que exploram o medo da população e pelas sucessivas reduções dos investimentos federais na segurança.


Felizmente, em meio a tantas evidências do fracasso civilizatório brasileiro, cresce a compreensão de que a segurança pública é fator político fundamental e que devemos incentivar uma nova ética pública, pautada na participação social e no diálogo.


E é nesse contexto que o Governo do Ceará, desde 2015, priorizou o desenho de estratégias de prevenção e enfrentamento da violência letal a partir de uma perspectiva sistêmica, pela qual segurança é resultado da integração de múltiplos esforços. E rapidamente os resultados apareceram, com reduções de homicídios em 2016.


O Fórum Brasileiro de Segurança Pública foi convidado a contribuir com o “Ceará Pacífico” para a busca das melhores práticas de gestão de programas de redução da violência do Brasil e do mundo, bem como para diagnóstico e proposição de um plano de ações e de seu monitoramento.


Agora, o maior desafio é, como 2017 tem mostrado, modernizar a gestão da área e fazê-la continuar a ter impactos reais na vida da população, ainda mais diante do agravamento da crise fiscal e das novas disputas das organizações criminais no país.


A nosso ver, o Ceará Pacífico corajosamente inaugurou o melhor caminho, o de fortalecimento da integração institucional e do foco territorial. Vale perseverarmos!

 

Renato Sérgio de Lima

renato.lima@forumseguranca.org.br
Diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública

 

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