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Editorial: "Difícil de compreender"
Opinião

Editorial: "Difícil de compreender"

Pesquisa mostra que a maioria da população defende o voto como melhor mecanismo para a saída da crise
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De uma hora para outra, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB), de acusador tornou-se aliado do governo de Camilo Santana (PT), pré-candidato à reeleição. Ao mesmo tempo, os irmãos Ferreira Gomes, que garantiram o apoio que levou Camilo ao governo, parecem divididos: Cid aceita a nova aliança; Ciro se cala, e Ivo distribui críticas ao acordo.


Esse estado de coisas mostra como a “política é dinâmica”, como dizia o ex-governador Gonzaga Mota. Faz pouco tempo, a coisa estava neste nível: Eunício chamava Ciro de “batedor de carteira” e mandava Camilo cuidar do próprio “rabo”. Ciro respondia afirmando que Eunício era uma “mistura de Pinóquio com irmão Metralha, um ‘pinotralha’”, e Cid entrava na briga preconizando que Eunício deveria ser “banido da política”.


Camilo, mais contido, cobrava coerência do senador, em relação à avaliação do governo de Cid Gomes, que ora dizia ter sido o “melhor do mundo”, para depois criticá-lo. A desculpa de todos para a reviravolta é que os “interesses do Ceará” estariam acima de questões partidárias. Mas se assim é, isso também deveria valer para as eleições passadas, quando os dois grupos se enfrentaram de forma exaltada.


A relação de Camilo com Eunício segue tendência nacional do PT, que vem se aproximando de alguns setores do PMDB, ao ponto de Lula há ter dito que “perdoa os golpistas”, isto é, aqueles que o apoiarem. O fato é que situações do tipo levam segmentos expressivos dos eleitores a se desiludirem com a política.

É difícil, para qualquer um, crer que a situação tenha mudado a tal ponto e em tão pouco tempo, para que aconteçam mudanças de tamanha magnitude, fazendo com que inimigos hoje de manhã se tornem cúmplices à tarde.


Apesar de tudo, recente pesquisa da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV-DAPP) revelou que a maioria da população defende o voto como melhor mecanismo para a saída da crise. Isso é ótimo, mas os políticos têm de entender que não se deve abusar da paciência alheia.



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