A filosofia da história se divide entre os que acreditam na capacidade de superação dos desafios, demonstrada pelo processo civilizatório; e o pensamento segundo o qual a solução de cada problema gera vários outros, na forma de uma progressão geométrica, até o desastre final. Steve Hawking manifestou temor. Disse que a civilização é um processo de complexidade crescente, com o aumento proporcional do risco de falir.
Jacques Le Goff (1924 – 2014) reconhecia a civilização como um processo evolutivo, limitando, porém, tal progresso, aos campos da ciência, da tecnologia e das instituições jurídicas e políticas (História e Memória, 1996). Quem ficou de fora? O homem. As instituições empurraram o escravismo para a esfera do crime, mas o homem continua escravizando o seu semelhante.
Toynbee (1889 – 1975), o historiador das civilizações, entendia que a dinâmica da história é cíclica, com nascimento, desenvolvimento, apogeu e declínio. Temos uma civilização global e riscos globais. A capacidade de aprender com os erros próprios ou de terceiros favorece o controle dos ciclos históricos, que não são inevitáveis. Brasileiros têm, há muito tempo, índices elevados de acidentes de trânsito, homicídios, acidentes de trabalho e de políticas erradas no âmbito econômico, educacional, penal, de saúde e do que mais houver, sem aprender com os erros. Mau sinal.
Rui Martinho Rodrigues
rui.martinho@terra.com.brHistoriador