Logo O POVO+
Rui Martinho Rodrigues: "A beira do abismo"
Opinião

Rui Martinho Rodrigues: "A beira do abismo"

Edição Impressa
Tipo Notícia Por
O Brasil era maior do que o abismo. Controvérsias surgiram sobre tal segurança. Expandiu-se o perigo. O mundo bordeja o precipício. A proliferação nuclear e de centros de poder, a indefinição das esferas de influência das potências, o fim da pax americana, com o declínio dos EUA e ascensão da China, o revigoramento do nacionalismo, fanatismo e terrorismo, a iminência de um desequilíbrio de forças em razão de uma revolução na tecnologia militar e uma nova crise econômica maior que a de 2008, a ascensão de lideranças populistas despreparadas, a crise entre aliados tradicionais e radicalização política levam para o abismo aludido.

A filosofia da história se divide entre os que acreditam na capacidade de superação dos desafios, demonstrada pelo processo civilizatório; e o pensamento segundo o qual a solução de cada problema gera vários outros, na forma de uma progressão geométrica, até o desastre final. Steve Hawking manifestou temor. Disse que a civilização é um processo de complexidade crescente, com o aumento proporcional do risco de falir.


Jacques Le Goff (1924 – 2014) reconhecia a civilização como um processo evolutivo, limitando, porém, tal progresso, aos campos da ciência, da tecnologia e das instituições jurídicas e políticas (História e Memória, 1996). Quem ficou de fora? O homem. As instituições empurraram o escravismo para a esfera do crime, mas o homem continua escravizando o seu semelhante.


Toynbee (1889 – 1975), o historiador das civilizações, entendia que a dinâmica da história é cíclica, com nascimento, desenvolvimento, apogeu e declínio. Temos uma civilização global e riscos globais. A capacidade de aprender com os erros próprios ou de terceiros favorece o controle dos ciclos históricos, que não são inevitáveis. Brasileiros têm, há muito tempo, índices elevados de acidentes de trânsito, homicídios, acidentes de trabalho e de políticas erradas no âmbito econômico, educacional, penal, de saúde e do que mais houver, sem aprender com os erros. Mau sinal.

 

Rui Martinho Rodrigues

rui.martinho@terra.com.br

Historiador

 

O que você achou desse conteúdo?