A esmagadora maioria dos profissionais da política age por si, visando à manutenção no poder do seu grupo. Doa a quem doer. Pouco importa, por exemplo, que um secretário seja o melhor para o Estado ou que um ministro seja a melhor escolha para o País. Se ele for necessário eleitoralmente, necessário será ao governante. E tem sido assim.
A pouca conexão entre representantes e representados tem deixado a confiança do eleitor no mundo político cada vez mais no limbo — o que afeta a democracia. A corrupção e o gosto pelo Poder de figuras nada confiáveis têm tirado a credibilidade do sistema político, o que abre possibilidades para mais lideranças aventureiras e a defesa de sistemas opressores, como a Ditadura Militar.
Entra e sai governante, e o que se vê nas campanhas eleitorais é a superficialidade dos debates, o acobertamento de questões mais graves e urgentes em nome da vitória em uma disputa eleitoral. Debater o problema real do Estado é o grande desafio da eleição do ano que vem.
Chegou o momento de esquecer os assuntos polêmicos e superficiais que a ninguém interessa para incluir na agenda política a razão fundamental, por exemplo, das mortes da juventude nas periferias. Sem, contudo, defender políticas equivocadas e eleitoreiras, que é o que temos visto nos últimos anos.
A responsabilidade por esse debate também é da imprensa, que pauta a sociedade nos seus mais diversos campos. Não é só apenas a estrutura de uma eleição que precisa ser discutida, mas, sobretudo, o conteúdo do que é discutido principalmente nesse período. Vamos pautar o necessário.
Na política, é preciso deixar de falar em números e debater as dezenas de vidas ceifadas diariamente, seja por um tiro de arma de fogo, seja pela ausência de um atendimento em um hospital público.
Wagner Mendes
wagnermendes@opovo.com.br