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Moyane Câncio: "A mudança após a cirurgia bariátrica"
Opinião

Moyane Câncio: "A mudança após a cirurgia bariátrica"

Sempre tentávamos mudar a alimentação e criar hábitos saudáveis, todos sem sucesso, causando um enorme efeito sanfona
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“Essa roupa não vai caber em você”; “nesta loja não temos o seu tamanho”; “ela é muito gente boa, mas é gordinha, não namoraria”. Frases como essas ouvi das mais diversas pessoas: familiares, amigos, namorados. Momentos em que vivi retraída em razão do sobrepeso.

 

Vim de família com obesidade e, com isso, os mais diversos problemas também vêm junto: pressão alta, diabetes, problemas articulares. Na pré-adolescência começaram as lutas contra a balança, primeiro com o pediatra, que me acompanhou até os 18 anos. Sempre tentávamos mudar a alimentação e criar hábitos saudáveis, todos sem sucesso, causando um enorme efeito sanfona. Ainda muito nova, não entendia muito bem os prejuízos que viria a ter por conta da obesidade. Um pouco mais tarde, de semana a semana, fazia acompanhamento com um nutricionista diferente. As mais diversas dietas foram postas em prática, mas, após um tempo, sempre voltávamos à estaca zero. Cada vez engordando mais, era muito difícil perseverar e conseguir resultados.


Até o momento não passava pela minha cabeça a possibilidade de me sujeitar a uma cirurgia bariátrica. O tempo foi passando e, com 18 anos, resolvi que não conseguiria mais emagrecer com métodos convencionais de dieta - eu precisava de uma ajuda, um empurrão maior. Então, começamos a batalha de exames e consultas. Levei alguns “nãos” que me deixavam muito triste, mas sempre coloquei nas mãos de Deus e no tempo dEle.


Acompanhada por psicólogo, nutricionista, fonoaudiólogo, gastroenterologista e cirurgião, munida de todos os laudos e autorização do plano de saúde, chegava o dia para minha grande mudança de vida. Todo o sacrifício que passei com dietas líquida, pastosa, sólida não foi nada comparado à felicidade que é ter saúde e reaver a autoestima.


Pequenos prazeres como conseguir cruzar as pernas, frequentar lojas que não tinham meu número, vestir um biquíni, ir à praia. Não ter vergonha de usar blusas sem mangas, poder usar sutiãs tomara-que-caia, entre diversas alegrias descobertas no processo de emagrecimento.


Hoje, após dois anos e 10 meses de cirurgia, posso dizer que foi uma das melhores escolhas que já fiz na vida, tanto para o físico, para a saúde quanto para o psicológico e o fato de estar bem comigo mesma. Como experiência de vida, eu digo sim para a cirurgia bariátrica e a cada conselho que dou, espero, no meu íntimo, que aquela pessoa sinta a alegria que pude sentir após esse processo. A cirurgia é a partida inicial, o resto é com o paciente. Exige dedicação e perseverança. Mudei de vida!


Moyane Câncio

moyane.cancio@hotmail.com

Estudante de Direito

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