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Emídio Sanderson: "Diversidade na infância"
Opinião

Emídio Sanderson: "Diversidade na infância"

Cabe à família, à comunidade e ao poder público diversificar as referências culturais das crianças
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Somos todos um só povo, mas somos todos plurais. Carregamos diferenças em nossos corpos, nas nossas formas de ser, de habitar o mundo e de nos relacionar. Porém ser diferente não é tarefa fácil, principalmente quando se é criança.

 

Na infância, ser diferente envolve um complexo processo de aceitação de nós mesmos, da nossa família, de nossos amigos e da sociedade. Seja na escola, seja no condomínio, seja em casa, os padrões nos são impostos.


Os conteúdos culturais também impõem estéticas e estereótipos que categorizam as identidades das crianças; sobretudo, as categorias estabelecidas pela cultura de massa, que reforçam valores patriarcais e eurocêntricos.


Desde a infância somos forçados a seguir uma lógica rudimentar para a constituição da nossa identidade, a qual cria compartimentos classificados por religião, comunidade, cor, gênero, entre outros. Essa categorização do ser tem alimentado confrontações sectárias recorrentes na atualidade e difíceis de serem solucionadas. Seja em Paris, seja no Bom Jardim, o confronto de identidades tem gerado um ambiente bélico.


A esperança para a paz diante desses conflitos seria reconhecer a pluralidade das identidades e suas conexões. Esta compreensão é fundamental nos primeiros anos de vida, quando adquirimos nossas principais referências.


Nesse contexto, a liberdade de escolha é crucial, como defende o economista Amartya Sen. Para ele, a liberdade é garantida quando os indivíduos têm condições para fazer suas próprias escolhas de forma racional.


Com base nisso, cabe à família, à comunidade e ao poder público diversificar as referências culturais das crianças, indo além dos conteúdos da sedutora indústria do entretenimento, mas, também, sem imposições.


Importantes iniciativas cearenses se destacam em nível nacional por garantirem um ambiente cultural diverso para as crianças; como é o caso do Plano Cultura Infância do Ceará, sancionado pelo governador do Estado em setembro deste ano.


Podemos citar também o Festival Internacional de Teatro Infantil do Ceará (TIC), que, neste ano, oferta 40 apresentações artísticas gratuitas para crianças, com atrações de vários países e estados brasileiros, em Fortaleza e Sobral, de 6 a 16 de outubro.


Reconhecer tais propostas é importante, já que atuam no sentido de ofertar conteúdos culturais para crianças, independente de serem meninos ou meninas, negras ou brancas, ciganas ou indígenas, cristãs ou budistas.

 

Emídio Sanderson

emidiosanderson@gmail.com  

Diretor do Festival Internacional de Teatro Infantil do Ceará

 

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