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Editorial: "Barack Obama no Brasil"
Opinião

Editorial: "Barack Obama no Brasil"

Ex-presidente Americano diz que o crescimento de movimentos autoritários ameaça a democracia
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O ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fez sua visita ao Brasil ao mesmo tempo em que mais uma tragédia atingia seu país, provocada por um homem que atacou a tiros uma multidão que assistia a um show de música em Las Vegas. Com 59 mortos e mais de 500 feridos, esse é considerado o maior massacre na história dos EUA.

 

Entre as profundas diferenças entre Obama e o atual presidente, Donald Trump, uma delas é a forma como eles lidam com acontecimentos chocantes desse tipo. Enquanto Obama condenava firmemente o livre comércio de armas nos Estados Unidos, Trump, respondendo a jornalistas, quando visitou o local da tragédia, disse que não falaria no assunto “naquele momento”.


Outra diferença visível é a forma como eles encaram a governança. Enquanto Trump tem todos os traços de uma personalidade autoritária, Obama é agregador e adepto do diálogo para resolver os problemas, sejam internos, sejam externos.


Falando sobre a Coreia do Norte, por exemplo, o ex-presidente reconheceu que o país asiático é um “perigo real”, mas defendeu a importância diplomacia para chegar a bom termo. “Não podemos resolver todos os problemas com tanques e aeronaves.” Afirmou também que a segurança dos Estados Unidos não depende apenas da força militar, mas também “de uma diplomacia forte”, de modo a “alimentar alianças e encorajar uma cooperação entre as nações”.


Obama falou ainda do crescimento de movimentos nacionalistas e autoritários nos Estados Unidos e também no Brasil, identificando-os como ameaças à democracia. Ele disse que o maior arrependimento de seu período como presidente foi não ter sido capaz de aproximar as pessoas em polos opostos no espectro político.


Como se pode observar, a linha de raciocínio de Obama está em claro confronto com o discurso agressivo de Trump, que se utiliza de ameaças e menospreza as negociações. Obama mostra-se um estadista sensível aos problemas de seu tempo; perto dele, Trump parece um tosco homem primitivo.


No entanto, dificilmente se ouvirá de Obama qualquer menção direta ao seu sucessor. Como é tradição nos Estados Unidos, ex-presidentes afastam-se da política partidária e evitam criticar os governos que os antecederem ou aqueles que os sucedem.


Um costume que os políticos brasileiros poderiam copiar.

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