Em matéria publicada recentemente no jornal O POVO, lemos sobre o enfraquecimento da oposição ao Governo do Estado do Ceará e a utilização de trocas entre a Chefia do Executivo e seus opositores, numa aproximação que tem, obviamente, reflexos diretos na política estadual. O fato, que ocorre na União, nos Estados e nos Municípios, tem a ver com o fenômeno denominado coalizão, nomeado há mais de duas décadas por Sergio Abranches para se referir ao dilema sofrido pelo presidencialismo brasileiro. Espalhou-se na política brasileira e é objeto de estudo dos analistas políticos que tem opiniões diferentes sobre a sua existência. Em quaisquer das esferas administrativas, a opção por alianças indiscriminadas facilita a aprovação e a execução de políticas e programas de atuação pelo governo que administra sem os entraves de uma oposição atuante.

Por outro lado, deixa esse mesmo governo refém de políticos e partidos de atuação e ideologia diferentes e o obriga a agradar a todos para não perder o apoio. A Administração é loteada; afinal, o bolo tem de ser dividido em partes, cuja proporcionalidade é o grande nó. A recompensa pelo apoio vem imediatamente por meio de secretarias de governos, cargos comissionados, indicações de nomes, atos que se traduzem no inchaço da máquina administrativa ou ainda na distribuição desordenada e descontrolada de recursos públicos.

A coisa não é simples: é só observar o que aconteceu ao Partido dos Trabalhadores, depois que decidiu entrar nessa onda de aceitar todos os apoios que lhe eram oferecidos e chamar muita gente para o lanche da tarde. Aí, o anfitrião tem duas opções: ou aumenta a comida ou diminui o tamanho das porções. Foi assim que assistimos à saída da presidente Dilma Rousseff, empurrada pela janela pelos próprios convidados.

 

Adriana Soares Alcântara

adri_alcantara@hotmail.com

Técnica Judiciária do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará; mestranda em Planejamento e Políticas Públicas - Uece/Esmec