O Ministério Público tem se esforçado no exercício de suas funções. O trabalho da equipe de Curitiba, de outras circunscrições judiciárias e da magistratura de primeiro grau é mais importante do que parece. Falidas as instituições políticas, o último reduto da ordem democrática é o Judiciário. Um súdito do Kaiser Guilherme II, polemizando com o imperador, inconformado com uma arbitrariedade, disse: “Ainda há juízes em Berlim”. Aludiu a última trincheira da cidadania em face dos desvios de conduta das autoridades. Não haverá solução institucional para a crise sem esta esperança.
Dois ex-auxiliares do PGR estão presos por envolvimento com os réus da JBS. Um deles, Eduardo Botão Pelella, chefe do gabinete do PGR Rodrigo Janot, é casado com a jornalista Débora Santos Pellela, que trabalha no gabinete do ministro Fachin, paga com o dinheiro do próprio ministro. Trata-se do relator dos processos ligados aos casos da Lava Jato, que toma importantes decisões monocráticas. Quando fez campanha para chegar ao STF, Fachin voou no jatinho da JBS e se fez acompanhar por um dos executivos do grupo citado, que nas empresas era o encarregado de pagar propina aos políticos.
A última trincheira da cidadania não pode ficar ao sol e à chuva. A mulher de Cesar precisa, além de ser honesta, parecer honesta. O ministro deveria apresentar suas razões para andar em tal companhia quando estava em campanha para o STF, segundo o blog do jornalista Reinaldo Azevedo.
O acordo inicial de colaboração feito pelo PGR e homologado pelo ministro Fachin, com os Batista, agora atingido pela divulgação de inconfidências gravadas, ameaça a credibilidade do MPF e do STF. Podemos dizer que ainda há juízes em Berlim?
Rui Martinho Rodrigues
ruimartinhorodrigues@gmail.comHistoriador