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Ítalo Coriolano: "O que os ipês da Domingos Olímpio dizem sobre Fortaleza"
Opinião

Ítalo Coriolano: "O que os ipês da Domingos Olímpio dizem sobre Fortaleza"

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Na semana que passou, Fortaleza se rendeu à beleza dos ipês da avenida Domingos Olímpio, que floresceram de forma suntuosa durante nosso ensaio de primavera. Registros dos fotógrafos Aurélio Alves e Iana Soares, publicados nas redes sociais do O POVO, provocaram milhares de curtidas e elogios diante do esplendor das acácias de amarelo vivo. Impossível, realmente, não reconhecer o espetáculo natural em uma via onde o cinza e o concreto predominam.


Mas o episódio revela outra característica de nossa Capital: a carência de uma vigorosa cobertura vegetal. Nos surpreendemos de forma tão entusiasmada com a nova paisagem exatamente porque ela tem algo de raro, de único. É o extraordinário que poderia muito bem ser comum caso as autoridades e a própria sociedade aprendessem a cuidar melhor de nossa Cidade.


Os ipês, por exemplo, são uma espécie que se adaptam perfeitamente ao clima da Capital e não necessitam de muitos cuidados. Poderiam estar espalhados por vários bairros, melhorando o clima e a estética de regiões onde, reconheçamos, a feiúra predomina. Ousem sair das áreas nobres e se depararão com cenários desalentadores: sujeira por todo lado, praças destruídas, lagoas abandonadas e um número ínfimo de árvores. Situação que tem reflexos diretos sobre o ânimo e a autoestima da nossa população.


É por isso que Fortaleza necessita urgentemente de um plano efetivo de arborização e zeladoria. Não adianta plantar mudas aleatoriamente e depois não garantir suas sobrevivências, que é o que tem sido feito nos últimos anos. É vergonhoso que não exista, por exemplo, nenhum corredor verde na Capital. Em vez disso, o que acontece são sequentes cortes por nossas ruas e avenidas e uma ineficaz compensação ambiental. Uma mudança de mentalidade acerca do urbanismo precisa começar. Tanto no poder público como na iniciativa privada. Como diz a frase do escritor russo Fiódor Dostoiévski, “a beleza (em seu mais amplo sentido) salvará o mundo”. Em nossa Cidade, infelizmente, ela ainda está longe de ser democratizada.

 

Ítalo Coriolano

italocoriolano@gmail.com

Jornalista do O POVO
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