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Francisco José Lima Matos: "Descolando da política"
Opinião

Francisco José Lima Matos: "Descolando da política"

Mesmo assim, iniciamos a redução da inflação, dos Jurose o País dá sinais de crescimento econômico
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O Brasil é um país interessante: acostuma-se com tudo em pouco tempo. Uma presidente impedida de continuar no posto por questões jurídicas (Dilma Rousseff), ratificada por um governo que afundou o País, na maior crise econômica e política que se tem notícia em toda a história.

 

Agora temos um presidente, com processos judiciais propostos sobre corrupção, com ministros e assessores envolvidos nos mesmos processos, outros já presos e até flagrados com dinheiro em espécie em seus domínios. Desentendimentos verbalizados entre os três poderes e menor índice de aceitação popular de um presidente (5%) de todas as épocas. Mesmo assim, iniciamos a redução da inflação, dos juros e o País dá os primeiros sinais de crescimento econômico.


O setor de serviços, após três meses de queda, estanca a descida e começa a crescer lentamente. O índice de atividade econômica levantado pelo BCB apresenta crescimento de 0,09% no último mês. A Zona Franca de Manaus avançou 7,6% no faturamento de suas empresas de janeiro a julho, comparado com os mesmos meses do ano passado.


O consumo cresce e puxa a economia. A bolsa de valores ultrapassa a marca histórica de 75.000 pontos. A cotação do dólar continua sem sobressaltos em tornou de R$ 3,20. A previsão do crescimento do PIB em 2017 é 0,9% e 3,5% para 2018.


Por outro lado, a área externa ajuda o Brasil, com os Estados Unidos mantendo a lentidão no aumento de taxas de juros, bem como o Banco Central Europeu mantendo baixas as taxas de juros até 2019.


Entretanto, não há milagres. Para continuar esse processo de crescimento, temos de realizar no mínimo uma reforma política que nos permita um rumo ideológico minimamente correto, reduzindo este exagero de mais de 30 opções de partidos para cinco a dez. E mais, é fundamental dar sequência à reforma da Previdência, que gera déficits anuais e crescentes de mais de R$ 100 bilhões, e, afinal, uma reforma fiscal para valer.


É imperioso estancar o crescimento da dívida pública, que em cinco anos passou de 56,3% do Produto Interno Bruto (PIB) para 73,8% do PIB em 2017, devendo ir em 2019 para 90% do PIB.


Para continuar saindo da recessão e entrando definitivamente no retorno ao crescimento, o País precisa investir. Problema: o País está sem superávit primário, sequer para pagar os juros da dívida pública.


Descolamos da política, mas, sem recursos para investir, não vamos em frente.

 

Francisco José Lima Matos

limamatos@veloxmail.com.br
Economista, diretor da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec) e membro do Conselho Editorial do O POVO

 

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