Segundo Putin, é “um erro” considerar que a pressão basta para fazer com que a Coreia do Norte abandone seu programa nuclear. Segundo ele, “as provocações e a pressão e a retórica militar e ofensiva são um beco sem saída”. Manifestando-se preocupado, fez apelo ao diálogo para evitar um “grande conflito” entre os dois países. E quando Putin fala em “grande conflito”, não é mera força de expressão, pois a batalha verbal e a demonstração de força entre Washington e Pyongyang podem descambar para uma guerra atômica, ainda que essa hipótese seja remota.
O presidente russo voltou a insistir na proposta elaborada por Pequim e Moscou - a “dupla moratória” - para pôr fim à crise. A propositura pede a interrupção simultânea de testes nucleares e balísticos pelos norte-coreanos e o fim das manobras militares conjuntas dos Estados Unidos e Coreia do Sul. Registre-se: Pequim e Moscou mantêm laços com a Coreia do Norte e não querem que os Estados Unidos aumentem a influência na região.
Outro erro comum ao se analisar a situação é considerar Kim Jong-un apenas um “louco” brincando com armas atômicas. Mas há uma clara estratégia por trás dessa aparente insanidade. O ditador norte-coreano teme acabar como seus homólogos do Iraque e Líbia, cujos países sofreram invasão americana, com seus respectivos líderes, Saddam Hussein e Muammar Gaddaf, sendo mortos em consequência. A posse de armamentos nucleares também é um trunfo na hora de negociar assistência econômica ao regime.
Porém qualquer que seja o motivo, é inaceitável que o mundo fique em suspense com o desenrolar de um conflito, que pode levar a uma guerra de malignidade imprevisível. Esse é o caso em que o confronto pode terminar sem nenhum vencedor, com a derrota da humanidade. Portanto, resta procurar o caminho da negociação e do diálogo.