Então, o que chamamos inovação hoje em dia? O que invocamos, de modo até fetichista, pelo uso da palavra inovação? Talvez possamos, sucintamente, esboçar um quadro compreensivo, a partir da ideia de inovação como cultura, que toma forma no nascer da Ciência, em luta contra a hegemonia especulativa que esterilizava a Filosofia, ao longo dos séculos XV/XVI.
Se inovação é cultura, inscrita no DNA da Ciência, de qual inovação falamos? Um quadro didático pode nos ajudar. Imaginem as rubricas “destino”, na vertical, e “natureza”, na horizontal. Duas entradas verticais indicariam “foco no universal” e “foco no mercado”: a primeira voltada para o apoio desinteressado à humanidade, mediada por artigos e periódicos livres; a segunda voltada para negócios e empregos, mediada por proteções e patentes.
Agora observemos duas entradas horizontais indicando “soft relacional” e “hard processual”: a primeira indicando apoio às superestruturas sociais, pela evolução de dispositivos e arranjos políticos, gerenciais e organizacionais; a segunda indicando arranjos econômicos, agregação de valor e diferencial competitivo/lucrativo.
Portanto, a parte que estamos fetichizando como o todo é a inovação cujo destino é o mercado e a natureza é hard processual. Mas, lembre-se, o Parlamento é uma inovação cujo destino é a humanidade, com natureza soft processual.
O que podemos fazer para aperfeiçoá-lo, mesmo contrariando corporações e corporativos? E o que podemos fazer, munidos dos dispositivos éticos, para apoiar empresas e empresários, fomentando emprego e renda, também imposto para o poder público aplicar em políticas sociais?
José Jackson Coelho Sampaio
jose.sampaio@uece.brProfessor Titular em Saúde Pública e reitor da Uece