Segundo Jucá, “refúgio a gente dá para gente do Haiti, onde teve terremoto, calamidade e a peste campeou. Ou por causa de guerra, como a da Líbia, as pessoas estão se matando lá, estourando bomba na cabeça dos meninos. Isso é um problema para refúgio.
Na Venezuela, é uma questão de ditadura, de briga política, então eu defendo que os pedidos de refúgio sejam estancados”.
Os milhares de venezuelanos que têm entrado no Brasil fogem da crise econômica e/ou da repressão política do governo de Nicolás Maduro. Em ambos os casos, são pessoas que têm direito ao acolhimento, à luz do direito internacional. Em 1951, a Organização das Nações Unidas estabeleceu a Convenção de Refugiados, enquadrando nessa categoria alguém que “temendo ser perseguido por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas, se encontra fora do país de sua nacionalidade”. A Agência da ONU para Refugiados (Acnur) alerta que os padrões da migração tornam-se cada vez mais complexos, “envolvendo não apenas refugiados, mas também milhões de migrantes econômicos”.
Reconheça-se existir limite para a quantidade de pessoas que um país pode atender. Porém essa não é uma situação que se resolve com discurso de palanque, como fez Jucá, atacando o governo da Venezuela para justificar a sua rejeição à entrada de mais refugiados. Diferentemente do que imagina o senador, o seu comportamento não vai incomodar Maduro, que não está preocupado com a sorte de seus compatriotas, porém atinge diretamente a parte mais fraca do conflito, justamente aqueles que precisam de refúgio devido à situação catastrófica da Venezuela.