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Editorial: "É preciso interromper a matança"
Opinião

Editorial: "É preciso interromper a matança"

Não é aceitável, em nenhum grau de razoabilidade, que o total de pessoas assassinadas em Fortaleza tenha crescido 217,7%
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A que níveis a violência no Ceará poderá alcançar não se sabe, mas tem sido preocupante cada vez mais falar a respeito disso em 2017, quando se atualizam as estatísticas mês a mês dos Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs). Que é como são nominados em registro os casos de homicídios no Estado. Acompanhando a escalada dos números apresentados desde janeiro, o que se imagina, de fato, é que poderá piorar.


Não é aceitável, em nenhum grau de razoabilidade, que o total de pessoas assassinadas em Fortaleza tenha crescido 217,7% no último mês de junho, comparando com junho do ano passado. Foram 197 casos este ano; haviam sido 62 no mesmo mês de 2016. É um cenário bastante preocupante.


E não parece ser pontual. Os homicídios crescem mensalmente desde janeiro, e entre os junhos de 2016 e 2017 tiveram alta em todas as outras regiões de segurança do Estado: %2b132,7% na Região Metropolitana, %2b27,4% no Interior Norte, %2b6,9% no Interior Sul. Na totalização de CVLIs do Ceará do último mês, foram mais 91,1% de assassinatos.


Nada sinaliza que haverá alguma mudança, pelo menos por enquanto.

Talvez as facções surpreendam com um novo pacto de paz? Mesmo que isso aconteça, não se deve esperar nada desse submundo que não sugira reveses mais adiante. Em algum momento anterior, foi isso que falseou a contagem de casos e a violência mais próxima nos parecia amenizada. Na tradução dos números, os assassinados, em maioria, são jovens. O crime ampara jovens na periferia porque sabe das ausências do Estado.


Se “o que falta é reduzir a sensação de impunidade”, como disse o secretário da Segurança Pública André Costa, em entrevista ao
O POVO no último sábado, dia 8, então agora são pelo menos dois grandes problemas para resolver. (Agora não, já se fala disso há mais tempo - mas nunca em cenário tão grave.) Porque a sensação de insegurança, que todos como cidadãos percebemos, essa, até agora, não tem nos aliviado. É a partir dessa aflição individual que a estratégia da Segurança Pública poderia ser mais bem pensada. E de fato executada.


Chega em boa hora a entrega, feita ontem pelo governador Camilo Santana, de mais de 300 novas viaturas que serão postas na estratégia de enfrentamento ao crime. Urgentemente, é preciso estancar essa matança.

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