Divagações holísticas fizeram-se fortes como as marés de ano novo no calçadão da Beira Mar. A saga de Dona Gelita me levara a matutar sobre as oportunidades que nós, alunos, professores, juízes... perdemos de melhorar o mundo. Afinal, a vida é efêmera (ou não) e inexorável (ou sim). E nos surpreende a cada momento.
Com efeito, na semana anterior, tínhamos comemorado no IFCE Aracati algo singular: pela primeira vez, todos os picolés da Sorveteria Zé de William foram pagos pelos alunos. Explico: nessa sorveteria, inventada pelo Engº José William da Coelce, em 1974, o aluno pega o picolé e paga R$ 1 sem fiscalização alguma, nem eletrônica nem pessoal.
Paradoxalmente ao fato, na sexta-feira, 9 de junho, enquanto os alunos frente à Sorveteria honravam sua Escola, o presidente do TSE nocauteava seu País. Sua “obra de demolição progressiva do respeito público pela Justiça usa o escárnio agressivo como arma do facciosismo... joga no lixo provas de tribunais superiores” (Jânio de Freitas, Folha, 15/6/2017). Foi um trágico 4x3 (de enrubescer qualquer 7x1) na contramão de uma Justiça/MP/PF ousada que, de forma inédita na “terra brasilis”, colocara bandidos do andar de cima na mesma gaiola dos ladrões sem colarinho branco.
Coitado deste doutor das letras que se fez aprendiz da moral ao perder a fantástica oportunidade de pagar “seu picolé” diante de plateia tão carente de alento... “pátria mãe tão distraída/sem perceber que era subtraída/ em TEMERbrosas transações”. (Ah, página infeliz de nossa história... Vai passar, né, Seu Chico?)
Em tempos de corrupção, a Escola é a solução! É a frase que os alunos na Sorveteria do inesquecível Doutor Zé de William legaram ao esquecível Doutor Gilmar Mendes. O tempo lhe fará justiça... “modéstia às favas” (sic, by Gilmar)!
Mauro Oliveira
amauroboliveira@gmail.comProfessor do IFCE Aracati