Os cidadãos dos Estados Unidos da América estão em transe. No outro lado do Atlântico do Norte estabeleceu-se uma nova lógica de governar. Trump trouxe direção própria de governar que não se conhecia, na história, no mais importante país do planeta. Os norte-americanos têm história de gente trabalhadora. Sua história está ancorada na ideia exitosa no campo da democracia e da elevação econômica e social.
A China vem avançando. Amplia o campo econômico no mundo, mas sua dívida democrática é enorme. A modernização tecnológica e o peso da sua forma de avançar já estão em discussão pelo Ocidente. Na Rússia, o Putin aproveita as brechas das outras grandes potências. Vai avançando, mas com um modelo centralista e autocrático de capitalismo de laços. Até nossa América Latina anda tonta, marcada nessas quadras na derrota da democracia na Venezuela. Anexe-se aos trambolhos por aqui com a saída da trilha no Brasil do seu caminho histórico.
Mas na frente do Brasil, nas águas do Atlântico Sul, está a última fronteira econômica do mundo. O Brasil tem sempre dificuldades com o trato com a fronteira africana. Não há na África apenas conflitos terríveis e pobreza generalizada. Há uma nova África que vem se realizando seus projetos em silêncio. Refiro-me à crescente economia continental das commodities. Os chineses estão comandando, em parte, esse projeto de modernização african.
O Brasil, que tentou ir à África, perdeu-se nos projetos errados do BNDES e Petrobras em vários países do colosso africano. A África está entrando, quando o Brasil sai, de uma nova fase de desenvolvimento. Animada pelo potencial demográfico de 1 bilhão de consumidores hoje, a África cresce em torno de 6% anual o seu PIB nos últimos anos. E, particularmente na África Subsaariana, o PIB daqueles países, passará, neste ano de 2017, um PIB em torno de 2 trilhões - portanto, maior do que a do Brasil.
Em conclusão, enquanto os poderes tradicionais da política internacional caminham para momentos difíceis, um grande continente, composto por 54 países, até recentes colônias da Inglaterra e da França, além de Portugal, estão avançando seus projetos. Sabemos que falta muito para o continente africano ser marcado democrático em seu conjunto. Mas estão avançando aqui e acolá.
E estão olhando de binóculos os africanos as tais turbulências mundiais inventadas nesses tempos quentes nas relações internacionais.
José Flávio Sombra Saraiva
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