Agora, há alguns poucos e positivos sinais de que uma (a economia) pode estar começando a gradualmente se dissociar da outra (a política). A instabilidade na política se mantém em alto grau de gravidade, mas a economia já não sofre abalos na mesma proporção. Seria uma consequência benéfica de uma equipe econômica que é respeitada pelo mercado.
No mercado político, a aposta é que independentemente do que ocorrer na política do País, incluindo a queda do presidente Michel Temer por renúncia ou cassação, a bandeira dos candidatos mais fortes numa eleição indireta seria manter nos cargos a atual equipe e, principalmente, manter as diretrizes por ela até aqui emanadas. Isso, claro, se o País não fizer opção pela eleição direta.
Um dos sinais mais relevantes da dissociação entre a política e a economia ocorreu ontem em um quadro de relativa estabilidade no mercado financeiro: os índices da bolsa em ligeira alta e o câmbio em ligeira baixa. Tudo isso no dia em que o TSE iniciou o julgamento que pode levar à cassação da chapa Dilma-Temer.
De todo modo, o quadro se mantém grave e complexo. Os índices econômicos ainda não estimulam o otimismo. Porém, ainda na tarde de ontem, um estudo da Fundação Getúlio Vargas indicava que o mercado de trabalho chegou ao fundo do poço, mas estaria pronto para iniciar uma trajetória de recuperação.
Mesmo com a economia mantendo alguma trajetória independente da crise, jamais haverá a retomada do crescimento e dos empregos de forma satisfatória sem a devida estabilidade na política. Bolsas e câmbio podem até não sofrer grandes solavancos, mas os grandes investimentos só vão voltar com o fim da crise na política. Portanto, quanto mais rápido a estabilidade na política chegar, melhor.