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Renato Abê: "Obrigado, Teatro da Praia"
Opinião

Renato Abê: "Obrigado, Teatro da Praia"

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De longe, pode parecer só mais um galpão velho na Praia de Iracema. Entretanto, no prédio de número 662 na rua José Avelino mora a resistência teatral. Mais do que um amontoado de concreto, o Teatro da Praia é prova viva de que Fortaleza pode abrigar espaços culturais geridos pelos próprios artistas.

 

Oficialmente aberto em 1996, o local precisou, desde o comecinho, lutar para existir. O idealizador, o ator e diretor Carri Costa pensou aquilo como uma casa da fruição, produção e apresentação teatral. De modo independente e com muito custo durante esses 21 anos, o espaço tem, entre idas e vindas, cumprido seu papel.


Foi lá que tive, na adolescência, um dos primeiros contatos marcantes com o teatro. Tita & Nic: a Comédia já era um sucesso e me matei de rir vendo aquilo. Saí muito grato por ter me aproximado das artes cênicas por meio de um espetáculo tão leve e debochado.


Não parei mais de frequentar aquela casa e, anos mais tarde, comecei a levar minha irmã, então com oito anos, para os espetáculos infantis. Vitória se encantava vendo clássicos já batidos de princesas e também amava ver tramas originais – como uma montagem chamada A Casa Verde, sua “preferida” à época. Até que um dia fomos ver O Filho da Galinha Pintadinha, Vitória saiu com abuso e foi aí que percebi que ela estava virando pré-adolescente (idade que, a propósito, é órfã de produções teatrais, mas isso é assunto para outro artigo).


O fato é que me tornei dramaturgo e Vitória, hoje aos 13, arrasa nos palcos com seu grupo de dança. Posso dizer que as vivências naquele equipamento da Praia de Iracema foram fundamentais para lapidar nosso amor pelas artes cênicas (e deve ter sido assim com tantos outros).


O espaço, porém, não está conseguindo se manter a todo vapor só com o esforço do seu idealizador e carece de pintura, reboco, reforma de banheiro, troca de ventiladores e novo tablado. Uma vaquinha está aberta pra quem quiser e puder ajudar a mantê-lo de portas abertas (link: goo.gl/JWzWfr).

Fortaleza precisa do Teatro da Praia. Talvez a importância desse equipamento seja de nos inspirar a criar mais e mais casas das artes na Capital.

 

Renato Abê

renatoabe@opovo.com.br

Jornalista do O POVO

 

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