2017 trouxe a consolidação do apoio parlamentar, midiático e econômico ao governo Temer. Apesar da baixíssima adesão popular, o governo confiava na aprovação das reformas trabalhista e previdenciária. A melhora na economia foi postergada para o segundo semestre. No céu de brigadeiro vivido pelo governo, a greve geral de fins de abril foi tratada como nuvem passageira. A impopularidade da reforma da Previdência foi traduzida pelo governo como desconhecimento da população sobre a proposta. E para desconhecimento, nada melhor que publicidade(?). Jornalistas indicavam que Temer estava conseguindo reunir, novamente, votos necessários para aprovar a reforma.
O script imaginado parecia seguir seu curso: Temer comandaria um governo de transição que faria reformas “necessárias” e pavimentaria caminho para 2018. Mas eis que a Lava Jato alterou novamente o jogo político. A delação do proprietário da JBS abalou a segurança do Governo Temer. Os áudios do diálogo entre Joesley e Temer tornam difícil a permanência no cargo. O inquérito aberto contra Temer piora o cenário de instabilidade. Entender como os demais agentes implicados nesse processo, Legislativo e Judiciário, irão se comportar é crucial.
Repercussões sobre esse cenário dominam redes sociais e círculos de debates. Mesmo as aclamadas eleições diretas não podem mais ser tomadas como garantia de retomada de uma regularidade para o jogo político. A crise política se aprofundou de tal modo que as opções “seguras” são cada vez mais difíceis de enxergar. Haverá futuro, mas quando e como?
Monalisa Soares Lopes
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