Diz muito da sua arte.
Pouco tempo depois, já figurava pelo elenco do Conjunto Teatral Verdes Mares, do antigo Colégio Marista Cearense. Com apenas 16 anos, ele ingressa no extinto e pioneiro Curso de Arte Dramática, da Universidade Federal do Ceará. Durante os anos de 1967 e 1968, Marcelo Costa procurou fazer carreira no Rio de Janeiro, chegando a trabalhar com diretores importantes, como João Bethencourt, Paulo Afonso Grisolli e Amir Haddad. Para nossa sorte, ele volta. Aqui, aproxima-se de uma geração mais nova, com quem promove uma verdadeira mudança de rumo.
Ao lado do saudoso José Carlos Matos, Marcelo Costa funda a Cooperativa de Teatro e Artes. Juntos, conduzem o teatro do Ceará para a difícil missão de se compreender efetivamente cearense. Há exatos 45 anos, eles estreavam o “Romance do Pavão Misterioso”, espetáculo que demarca um novo tempo para a cena local, pelo ineditismo de sua proposta. Com Gilmar de Carvalho, que ele ajudou a cruzar o caminho da poesia rumo à dramaturgia, dois anos mais tarde, ele encena o emblemático “Orixás do Ceará”, inaugurando o inesquecível Teatro do Ibeu.
Ator, diretor e dramaturgo, Marcelo Costa, no entanto, não demarca sua contribuição ao articular uma poética. O Ceará deve a Marcelo Costa a emergência de um pensamento organizado sobre o teatro. Bem comparando, ele é o Sílvio Romero do nosso teatro. É quem funda nossa história. Agora no próximo dia 20, às 19 horas, no Teatro do Ibeu Aldeota, Marcelo Costa relança sua obra mais importante: “História do Teatro Cearense”, publicado em 1972. Ali, descobrimos um passado, sem o qual jamais teríamos chegado tão longe. Passados 45 anos, o livro agora avança até o século XXI, fortalecendo pertenças, afetos e memórias de uma arte que só existe no tempo, só existe no passado.
Magela Lima
lima.magela@gmail.comJornalista e professor do Centro Universitário 7 de Setembro