Há quem diga que ser mãe é algo de gênero, destinado apenas às mulheres. Não sei bem se é assim. Há mulheres que não desejam ser mães. Há pais que se veem como mães e mães que ocupam o lugar de pai, mães solteiras, por exemplo, que se autodenominam “pãe” e o contrário também há. Já escutei filhos(as) afirmando que os pais ocupam funções inversas.
Não se trata, então, de ser homem ou mulher, mas antes, sim, de uma relação construída e investida a partir da relação com o outro, o(a) filho(a). Afinal, você se torna mãe porque alguém ocupa o lugar de filho (a). Sendo assim, é preferível falar em função materna, função ocupada por alguém que ali quis chegar. Lugar nada fácil de ocupar, mas certamente com muitas surpresas encantadoras.
Aquela que sustenta essa função proporciona ao filho, além de alimento, um universo de linguagem, ajuda-o a construir suas próprias palavras. Para isso ocorrer, é necessário dizer não, de negar algo ao filho para que ele possa se constituir enquanto sujeito; sendo assim, a mãe precisa faltar. E quem quer faltar quando se ama? Quem quer dizer não quando quer dizer um sim?
Por fim, ser mãe é um enigma a ser desvelado a partir da experiência de cada um que se desafia a ocupar esse lugar. A todos aqueles que ocupam esse lugar, pais e mães, irmãs e irmãos que necessitam, por vezes, ocupá-lo, avós e às mulheres que decidiram também tornarem-se mães, um Dia das Mães repleto de construções e de amor.
Gardênia Marques
gardenia.marques@fametro.com.brMestre em Psicologia e professora do Curso de Psicologia da Fametro