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Filomeno Moraes: "Conjuntura confusa e trágica"
Opinião

Filomeno Moraes: "Conjuntura confusa e trágica"

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As situações absurdas que se sucedem na política brasileira fazem-me lembrar, renitentemente, letrada música popular relativa à trajetória de um compositor de samba-enredo, o qual, durante muitos anos, obedeceu ao regulamento da escola e só fez samba sobre a história do Brasil, a saber, Inconfidência, Abolição, Proclamação, Chica da Silva. Até que escolheram um tema complicado – “atual conjuntura” –, por conta de que o sambista perdeu a razão.

 

Tal é a atual conjuntura brasileira, a enredar a razão em labirintos e a fazer com a que história se repita, como tragédia e como farsa, pois – aquilo que o historiador Hélio Silva observava no que concerne aos “carcomidos” da República Velha -, agora também se observa: “nos campos opostos, com poucas exceções, quase todos apostolavam as mesmas ideias e praticavam atos semelhantes”. Visto que a falta de ideias politicamente virtuosas parece ser a tônica do momento, restam os “atos semelhantes”, os quais perfazem um estilo de fazer política oligárquico e antirrepublicano, comprometendo a atuação das lideranças dos principais partidos políticos e marcando negativamente a presidência da República e o Congresso Nacional.


Não à toa, tem-se boa parte da elite política – à esquerda, à direita e ao centro do espectro - e uma amostragem significativa do dito moderno capitalismo brasileiro frequentando as delegacias de polícia e as varas judiciais. E, para culminar, o presidente da República, o do Senado Federal e o da Câmara dos Deputados encontram-se sob investigação por crime comum, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal.


De qualquer modo, o encaminhamento de solução para problemática tão confusa e tão trágica só tem um caminho venturoso, o da aplicação dos dispositivos da Constituição Federal, sob a pressão e fiscalização da sociedade civil. Em outros termos e no que diz respeito à sucessão presidencial, a previsão é de eleição pelo Congresso Nacional, em caso de vacância da presidência da República, e de manutenção do calendário eleitoral do próximo ano. 

 

Filomeno Moraes

filomenomoraes@uol.com.br

Professor universitário

 

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