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José Nelson Bessa Maia: "Como superar a insegurança pública no Ceará"
Opinião

José Nelson Bessa Maia: "Como superar a insegurança pública no Ceará"

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Tipo Notícia Por

José Nelson Bessa Maia

nbessamaia@gmail.com

Doutor em Relações Internacionais e ex-assessor internacional do governo do Ceará (1995-2006)


Desde 2002, a sensação é que a criminalidade cresceu no Brasil. No entanto, a análise dos indicadores indica que o crime recuou no Sudeste e pouco mudou no Sul do País, mas piorou muito no Norte e no Nordeste. Os dados do Mapa da Violência 2016 são inequívocos.


No Nordeste, mais de 128 mil pessoas foram assassinadas entre 2006 a 2014. Dessas, 15,5% foram mortas no Ceará. É fácil deduzir, pois, que a violência cresceu muito no Ceará. Os cearenses sentem na pele a insegurança. Apesar do empenho dos policiais, muitos deixam de prestar queixa por acharem que não adianta. A impunidade impera, e o medo prevalece.


Os dados oficiais indicam que, de 2006 a 2014, o número anual de homicídios no Ceará cresceu de 1.060 para 3.652 (subiu 257,7%), ao passo que, no Nordeste, o aumento foi de 74,7% e de apenas 21,1% no conjunto do Brasil. Em termos de 100 mil habitantes, a taxa de homicídios no Ceará cresceu de 12,9, em 2006, para 42,9 em 2014, uma subida de 232,5%, contra 63,1% no Nordeste e apenas 13,4% no Brasil como um todo.


Em Fortaleza, 606 pessoas foram mortas, em 2006, subindo para 2.026 em 2014 (aumento de 234,3%), comparado a 52,9% no conjunto das capitais do Nordeste e um acréscimo de apenas 6,7% na média das capitais brasileiras. Em relação a 100 mil habitantes, a taxa de homicídios na nossa capital cresceu de 25,1, em 2006, para 81,5 em 2014 (mais que triplicou) contra 49,3% no conjunto das capitais do Nordeste e somente 1,6% no conjunto das capitais do Brasil. Sem incluir dados de 2015 e 2016, o quadro de insegurança no Ceará já era caótico.


Tudo estaria melhor se tivesse se mantido a reforma, iniciada na 3ª gestão de Tasso Jereissati (1998-2002), com a ajuda da consultoria de William Bratton, ex-chefe da Polícia de Nova York. Em articulação com o então secretário da segurança, Cândido Vargas, Bratton elaborou um projeto de modernização da Polícia, similar ao de Nova York, mas adaptado ao Ceará.


Infelizmente, o projeto não teve sequência e os cearenses sofrem hoje pela falta de visão dos governantes. A grave situação de insegurança requer do atual governo estadual a volta da consultoria americana para formular uma nova estratégia e recursos para realizar a reforma interrompida em 2002.

 

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