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Editorial: "Reformas: Igreja quer participação de todos"
Opinião

Editorial: "Reformas: Igreja quer participação de todos"

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A entrada oficial da Igreja Católica no debate sobre as reformas em curso, propostas pelo governo federal – sobretudo a previdenciária –, é um dado novo a ser considerado no quadro político nacional. Trata-se da maior instituição da sociedade civil brasileira, e sua voz tem uma influência não desprezível. No próximo dia 26, em sua reunião anual, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) vai abordar a questão.


Desde já, no entanto, sabe-se que a nota em que a CNBB convocou um debate amplo com todos os segmentos da sociedade tem leitura garantida em todas as paróquias – sobretudo, durante as missas – e em todas as comunidades que compõem o tecido institucional e pastoral da Igreja – conforme explicou o secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, em entrevista concedida a UOL Notícias e publicada ontem. Ele fez questão de frisar que não se trata de uma posição político-partidária (aliás, o documento da CNBB sobre o assunto já demonstrara que a Igreja não quer que esse debate fique restrito “a uma disputa ideológico-partidária”). Para ela, é preciso haver uma participação de todos os segmentos nessa discussão, pois o que vai ser decidido afetará profundamente a vida de todos e, portanto, o critério não deveria ser o de escutar apenas segmentos restritos, deixando de fora quem não tem meios de se expressar.

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De fato, falta um elemento de meio de campo para mediar esse debate, visto que as instituições do Estado estão muito desgastadas, por déficit de credibilidade e legitimidade. A Igreja – “perita em humanidade”, segundo a expressão de Paulo VI – poderia dar uma importante contribuição para a pacificação dos espíritos, em ambiente tão convulsionado, onde quase ninguém se entende. A democracia não tem subsistência onde não existe paz. E “a paz é fruto da justiça”, como enfatizou a encíclica “Pacem in Terris”, do papa João XXIII.


Para se chegar a um mínimo de consenso, em torno do modelo mais adequado de reforma, é preciso, segundo a CNBB, que todos os segmentos sejam ouvidos, a partir de suas situações concretas. Para ser ética, a reforma precisa ser justa – argumenta. É nisso que a Igreja quer colaborar.

Que seja bem-vinda.


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