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Extremista mata 49 pessoas em ataque a mesquitas na Nova Zelândia
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Extremista mata 49 pessoas em ataque a mesquitas na Nova Zelândia

| MASSACRE | Dezenas de fiéis ficaram feridos pelo ataque na cidade de Christchurch, realizado por um extremista de direita. Brenton Tarrant, de 28 anos, foi preso
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VÍTIMA DE MASSACRE é socorrida 
na cidade de Christchurch (Foto: TV New Zealand/ AFP)
Foto: TV New Zealand/ AFP VÍTIMA DE MASSACRE é socorrida na cidade de Christchurch

Equipado com armas semiautomáticas, um extremista de direita identificado como Brenton Tarrant, australiano de 28 anos, realizou um massacre em duas mesquitas em Christchurch, Nova Zelândia, matando 49 fiéis e ferindo dezenas.

As duas mesquitas atacadas são as de Masjid al Noor, no centro de Christchurch, onde morreram 41 pessoas, e Linwood, na periferia, onde sete fiéis foram mortos. Outra vítima morreu no hospital. Ao todo, foram 50 feridos, 20 em estado grave.

A primeira-ministra, Jacinda Ardern, definiu essa sexta-feira como um dos "dias mais sombrios" deste país do Pacífico Sul e destacou ter sido o pior ataque contra muçulmanos em um país ocidental. Tarrant está preso, acusado de homicídio. Há outros homens dois detidos, sob acusações não divulgadas.

A barbárie chocou a Nova Zelândia, que possui 5 milhões de habitantes, com 1% se declarando muçulmano, e onde há cerca de 50 assassinatos por ano. Em 1992, após massacre de 13 pessoas na cidade de Aramoana, na Ilha Sul, o país restringiu a legislação que permite acesso às armas semiautomáticas.

Testemunhas descreveram cenas caóticas e corpos ensanguentados no atentado que provocou uma série de críticas em todo o mundo, do papa Francisco ao presidente dos EUA Donald Trump.

O atirador transmitiu imagens de seus ataques ao vivo nas redes sociais. Ele foi levado ao tribunal distrital de Christchurch, ficou em silêncio, e deve permanecer preso até a próxima audiência, em 5 de abril.

Antes de agir, o homem, que se apresentou como integrante da classe trabalhadora com poucos recursos, publicou nas redes sociais manifesto racista de 74 páginas, em que consta referência a teoria originada na França de acordo com a qual "os povos europeus estão sendo substituídos" por populações de imigrantes não europeus. O documento detalha dois anos de preparativos. Afirma que os principais momentos para sua radicalização foram o fracasso da líder de ultra-direita Marine Le Pen nas eleições francesas de 2017 e a morte da sueca Ebba Åkerlund, de 11 anos, em atentado a bomba em abril de 2017 em Estocolmo. As contas onde o vídeo do massacre e o manifesto foram postados foram desativadas.

A polícia alertou para que as pessoas não compartilhem nas redes sociais "imagens extremamente insuportáveis". Quem o fizer pode pegar pena de até dez anos de prisão.

"Está claro que isto só pode ser descrito como um ataque terrorista. Pelo que sabemos parece que estava bem planejado", disse Ardern. "Foram encontrados dois artefatos explosivos em veículos suspeitos e foram desativados", completou.

"Trata-se de um terrorista extremista de direita, violento", reiterou, em Sydney, o primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison. (AFP)

Time de críquete testemunhou ataque

Um imigrante palestino que pediu para não ser identificado relata que viu o momento em que um homem foi atingido por um tiro na cabeça. "Escutei três disparos rápidos e depois de uns dez segundos tudo começou de novo", disse. "As pessoas começaram a correr, algumas estavam cobertas de sangue", narrou.

Outro homem contou à imprensa local que viu o momento em que uma criança foi atingida por tiros. "Havia corpos por todos os lados".

Em uma das mesquitas estava a equipe de críquete de Bangladesh, mas os jogadores conseguiram fugir do local. "Estão sãos e salvos, mas em estado de choque. Pedimos ao time que permaneça confinado no hotel", afirmou uma fonte da delegação.

A partida entre as seleções de Bangladesh e Nova Zelândia, da modalidade que é extremamente popular nos dois países, foi cancelada.

As armas semiautomáticas utilizadas no atentado possuíam inscrições com nomes de personagens da história militar, entre eles inúmeros europeus que lutaram contra os otomanos nos séculos XV e XVI.

As forças de segurança bloquearam o centro de Christchurch, mas poucas horas depois suspenderam a medida. A polícia pediu aos muçulmanos que evitem as mesquitas em toda a Nova Zelândia.

A gestão do município abriu uma linha direta para os pais dos estudantes que participavam em um protesto contra as mudanças climáticas em uma área próxima aos ataques.

Todas as escolas da cidade foram fechadas. (AFP)

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