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Guaidó rejeita diálogo proposto por Maduro e convoca novo protesto
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Guaidó rejeita diálogo proposto por Maduro e convoca novo protesto

| VENEZUELA | Disputa pelo poder se intensifica. Guaidó pediu aos venezuelanos que continuem os protestos contra o regime de Nicolás Maduro
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O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, se declarou ontem disposto a se reunir com o líder opositor, Juan Guaidó, autoproclamado chefe de Estado interino, que quase simultaneamente afirmou que não se prestará a um "falso diálogo".

"Estou comprometido com o diálogo nacional. Hoje, amanhã e sempre estarei comprometido e pronto para ir aonde tiver que ir. Eu, pessoalmente, se tiver que ir me encontrar com esse rapaz (Guaidó), vou", assegurou Maduro em coletiva de imprensa no Palácio de Miraflores.

Diante de centenas de simpatizantes em um comício na praça central de Chacao (leste de Caracas), Guaidó, presidente do Parlamento - de maioria opositora -, recusou-se a se sentar à mesa de negociações, ao se referir perante a imprensa a iniciativas propostas por México e Uruguai.

"A repressão, quando não lhes dá resultado, se torna um falso diálogo (...) O mundo e este regime devem ter muito claro: ninguém se presta aqui a falso diálogo", advertiu Guaidó, consultado pela imprensa em sua primeira aparição pública desde que se autoproclamou presidente interino na quarta-feira. "Presidente!", repetiam, em coro, seus seguidores.

Ontem, o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, disse que as portas de seu país estão abertas para que Maduro e Guaidó dialoguem. "Se as partes solicitarem, estamos na melhor disposição de ajudar", manifestou.

Na Casa de Governo, Maduro reiterou suas denúncias de um golpe de Estado da direita em andamento, orquestrado pelos Estados Unidos. "Golpe seria se me levassem, isso é um golpe", declarou Guaidó, cercado de jornalistas, ao comentar o risco de ser preso.

O líder opositor convocou uma "grande mobilização" para a próxima semana após as marchas multitudinárias de opositores e governistas na quarta-feira, 23, no âmbito das quais 26 pessoas morreram e 350 foram detidas.

"Os que pensam que murchamos, vão ficar na vontade, porque aqui tem gente na rua por um tempo, até conseguirmos o cessar da usurpação, um governo de transição e eleições livres", disse Guaidó, ao destacar que a data será informada no domingo.

Sem uma convocação concreta, Maduro conclamou à "revolução popular contra o golpe de Estado": "Povo à rua".

Como parte de sua estratégia, Guaidó não descartou incluir Maduro na anistia que oferece a militares e civis que ajudam com uma transição, mas afirmou que no caso do presidente seria preciso avaliá-lo bem, porque se trata de "um ditador".

O líder do Parlamento quer quebrar a principal sustentação de Maduro, a Força Armada, que na quinta-feira, 24, expressou sua "lealdade absoluta" ao presidente.

"Chegou o momento de se colocar do lado da Constituição, de respeitar e se posicionar ao lado do povo", manifestou Guaidó, dirigindo-se aos militares.

Guaidó afirmou que trabalha para que chegue ajuda humanitária ao país e proteger os ativos venezuelanos no exterior. Na quinta-feira, o Departamento de Estado americano anunciou que prepara uma ajuda de 20 milhões de dólares para entregar à Venezuela "quando for possível".

O agravamento da crise ocorre em meio ao pior desastre econômico da história moderna do país petroleiro. (AFP)

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