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Novos conflitos registrados nas Cercanias de Damasco
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Novos conflitos registrados nas Cercanias de Damasco

| VIOLÊNCIA | População civil, especialmente idosos e crianças, aparece entre as vítimas principais do recrudescimento do clima de guerra no País
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Depois de um ano de seguidas vitórias para o governo sírio, o reduto do presidente Bashar Al Assad tem sofrido constantes ataques do último foco rebelde nas cercanias de Damasco. O número de bombas, mortos e feridos continua a crescer dos dois lados do muro desse conflito. Nas últimas semanas, se instalou nova tragédia no capítulo dessa história.


Na região de Ghouta Oriental, pelo menos cinco grupos de rebeldes controlam o território, sendo o maior deles o Jaysh al-Islam, seguido do Faylaq al-Rahman, apoiado pela Irmandade Muçulmana — organização islamita criada no Egito. Estima-se que haja pelo menos 25 mil combatentes contra o governo na área. O esfacelamento das forças de oposição, sobretudo dos moderados, indica que Assad tem vantagem no conflito. Contudo, enquanto munição e financiamento continuarem entrando no país, haverá resistência ao domínio do governo.

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“Há claramente um cenário favorável ao governo, principalmente porque os Estados Unidos perderam protagonismo na região. O governo de Donald Trump é mais isolacionista. No dia a dia, Assad tem o apoio da Rússia. O cenário é de que essa carnificina vai continuar. O governo Bashar Al Assad é violento. No País como um todo, inclusive na cercania de Damasco, a resistência a ele não vai desaparecer por mais que ele tenha hoje uma vantagem militar clara”, diz o professor de Relações Internacionais da Faculdade de Belas Artes de São Paulo, Sidney Ferreira Leite.


Para o pesquisador, a batalha em Ghouta Oriental pode ser ainda uma distração. Ele afirma que grupos como o Daesh (Estado Islâmico) podem ter feito um recuo estratégico, enquanto o governo se desgasta com outras frentes rebeldes na região. Em meio a escalada de violência, o Conselho de Segurança da ONU deliberou novo cessar-fogo que, assim como os demais, se encaminha para ser descumprido.


Segundo o jornalista da AFP Maher Al-Mournes, alocado em Damasco, o mês de fevereiro foi marcado por episódios sangrentos na Capital e região metropolitana. Escolas pararam de funcionar por medo de atentados. Durante seis dias, os ataques foram suspensos para o que se especulava ser um momento de negociação. Mas as conversas se mostraram infrutíferas com nova onda de violência que se estende neste mês de março. Em meio aos ataques, comboios de ajuda humanitária encontram dificuldade de trafegar na área e ajudar feridos e pessoas que perderam tudo. Quem consegue passar as barreiras do exército acaba vítima de morteiros. Entre os efeitos colaterais de mais essa batalha, nomes de crianças voltam a preencher a lista de mortos.

 


FATO HISTÓRICO


COMEÇO, MEIO E FIM DE UMA CRISE PARA ENTENDER O CASO SÍRIO

 

Em sete anos, o conflito na Síria já deixou mais de 400 mil mortos e forçou quase 10 milhões de pessoas a saírem de suas casas. De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), a guerra provocou mais de 4 milhões de refugiados em diversos países, inclusive no Brasil.


De um lado do conflito estão as forças do governo, liderado por Bashar Al Assad. Ele pertence a uma minoria religiosa, apoiada pelos muçulmanos xiitas do Irã e do partido libanês Hezbollah. Assad tem ainda o apoio do presidente russo Vladimir Putin.

 

Do outro lado, os rebeldes se dividem em diversos grupos, desde moderados a radicais e extremistas. Frentes como Fateh al-Sham (antiga Al Nusra) e Daesh (mais conhecido como Estado Islâmico) se dividem em subgrupos dentro do território sírio. Exércitos de curdos sírios têm recebido apoio dos Estados Unidos e outros países da Otan para liberar territórios das mãos de terroristas.

 

Atualmente, cerca de 3% do território sírio está sob o domínio de forças contrárias ao governo. No entanto, a configuração muda de uma batalha para outra.

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