O Canadá anunciou ontem, 25, que o embaixador venezuelano já não é “bem-vindo” e declarou o encarregado de negócios do mesmo país em solo canadense como uma “persona non grata”. O ato é considerado represália à expulsão do encarregado de negócios canadense em Caracas.
O embaixador da Venezuela já havia sido retirado pelo governo do presidente Nicolás Maduro em protesto pelas sanções canadenses contra funcionários venezuelanos envolvidos em atos de corrupção e violações dos direitos humanos.
“Anuncio que o embaixador da Venezuela no Canadá (...) já não é bem-vindo ao Canadá. Também estou declarando o encarregado de negócios da Venezuela persona non grata”, disse a ministra canadense das Relações Exteriores, Chrystia Freeland.
A expulsão, no sábado, do encarregado de negócios canadense Craig Kowalik é “típica do regime de Maduro, que tem minado todos os esforços para restaurar a democracia e ajudar o povo venezuelano”, denunciou Chrystia Freeland.
“Os canadenses não ficarão à margem enquanto o governo da Venezuela despoja seu povo dos direitos fundamentais democráticos e humanos, e lhes nega acesso à assistência humanitária básica”. O governo canadense elevou o tom com o regime de Maduro para incitá-lo ao diálogo com a oposição e adotou sanções contra Caracas.
Na sexta-feira, 22, a capital Ottawa decidiu proibir a presença em seu território de 52 funcionários de Venezuela, Rússia e Sudão do Sul, por corrupção ou violações dos direitos humanos. Nações ocidentais e vizinhos latino-americanos têm cada vez mais criticado o presidente Nicolás Maduro, ao longo de 2017, acusando-o de atacar a democracia e os direitos humanos. A Venezuela afirma que governos estrangeiros estão tentando encorajar um golpe de direita no país.
Crise na Venezuela
A Venezuela libertou mais oito opositores, na madrugada de ontem, elevando a 44 o número de ativistas contrários ao governo soltos por recomendação da Assembleia Constituinte. “Já são 44 libertados entre os dias 23 e 25 de dezembro. É importante destacar que isto representa apenas 16% dos presos políticos. Não é uma quantidade importante”, disse Alfredo Romero, diretor da ONG de direitos humanos Fórum Penal.
A Comissão da Verdade, criada pela Constituinte, recomendou à Justiça e ao presidente Nicolás Maduro que libertasse no Natal mais de 80 opositores detidos. “Ao governo interessa reduzir o número de presos políticos para reduzir o custo que representam. Mas ainda há 227 presos políticos, o número mais alto que em qualquer Natal”diz Romero. A coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) celebrou a libertação dos “presos políticos” e destacou que “jamais deveriam ter sido privados de sua liberdade”, pois “trabalhar para reconstruir um país arruinado pelo regime não é um crime”.